sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Dionísio vs. Apolo

Uma homenagem à beleza da contradição.


XX

Dionísio vs. Apolo

Uma tarde por um conto
E em dias não aumenta um ponto
Não uso vírgulas, não somo palavras

Sumiu também o que eu tinha para acrescentar?

Não me vejo no direito
Ou mesmo no dever de nas palavras trabalhar
Falsidade do poeta
Que leva o dia
Para uma só frase montar

Formada a essência por inspiração
O expirar é o trabalhar do poeta
É em cada palavra seu sentido desvendar
Expio os pecados de Dionísio

Por agora em Apolo
Tentar me tornar

Canso fácil

Dionísio surge

E o verso do ébrio
É mais difícil de decifrar

A boca da mentira
Saída da boca do poeta
É a palavra a desvelar

O mundo todo banhado
No vinho e no sangue de Dionísio
O mesmo que deixo minhas vestes manchar

Suja a escrita
Suja a palavra
É sujo então o poema

E mais profundamente
Imunda é a alma do poeta


Alexandre Bernardo

XX


Always Dirt...

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