segunda-feira, 11 de março de 2013

E onde está Ulisses?

E onde está Ulisses?

Não há mais paciência para nada, meu caro
Onde está Ulisses?
Será que alguém pode parar a destruição que toma tua casa?

Teus inimigos cortejam tua esposa
Matam teus bois e porcos para banquetear
Tua derrota, tua viagem e teu sumiço

Não há tempo para flerte com semideusas paranoicas
Não há motivo para enfrentar um gigante com sérios problemas de raciocínio
Onde está Ulisses?

Troia caiu e agora cairá também teu reinado em honra
Volta e mostra que a força nunca se perdeu
Banha em sangue tua casa com criaturas vis

Só hoje. Só está noite. És finalmente permitida tua volta

Esmaga teus inimigos Ulisses!

Alexandre Bernardo

Não é o mesmo jogo

Não é o mesmo jogo

Ah! Toma tuas palavras de fingida solidão
Sou eu que não quero te ouvir
Bater na porta, sorrir baixinho, chegar

E se do mais ficar somente poesia
Que seja pura de falso sentir
Aquele descarado, desmedido, anjo reverso

Não é o mesmo jogo
E eu ainda quero jogar
Não é o mesmo jogo
E meu azar me deixa errar

Ah! É meu enfeite descolorido
Carnaval fora de época, hora marcada e lugar
Que deixa esse cheiro de ilusão no ar
E mesmo sentindo outro mal entendido

Sinto-me pronto a nada abandonar
Nem esse ar cansado
É o mesmo batido no peito
Na rima
Fruto do coração

Alexandre Bernardo

Não sou Cássius, tampouco Brutus

Não sou Cássius, tampouco Brutus

Não sou Cássius, tampouco Brutus
Não matei Júlio César
Não fui tratado como filho e não mereço esse queimar de brasas

Não sou Abraão, tampouco Judas
Não levei meu único filho ao sacrifício pra provar meu valor, mas entenda
Também não vendi ninguém a moedas de prata
Não mereço esse fogo em minha praça

Não sou vendedor de escravos, tampouco revolucionário libertário
Não tive vontade e nem teria coragem para desprezar meus irmãos
Também não matei pela causa, mas entenda
Não é justo queimar por minhas palavras

Não sou infanticida, parricida ou homicida
Também não sou exemplo de bom moço toda vida
Mas dos erros que cometo, todos vanglorio, não abro mão
Essas desculpas ao vento jogadas, não são só palavras

É meu sentimento dizendo baixinho como um trovão:
- Sai dessa, meu caro, o que temos na vida
É mesmo pra valer o esforço vivido, a palavra sentida
O mal entendido esquecido, conforto e perdão

Alexandre Bernardo