quinta-feira, 30 de maio de 2013

O frio

O frio

É o gélido estado que estou que me engana
Desci o rio congelado, descalço e pisando em falso
Medo de cair no gelo e não tentar mais lutar
Toda minha vida eu pensei ser um viajante glacial

Congelado tinha finalmente os olhos azuis
Foi exigência minha e da sociedade do Texas
Loucura era meu olhar parecer tanto com o mesmo de sempre
Perdido e isolado. Sem alma, sem lar, sem par.

Meus passos deixavam pedacinhos de gelo no caminho
Ele parecia mais amigável como um pequeno sorvete
Daqueles divididos em frente à roda gigante
Ela tinha um ursinho polar em suas mãos

Ela me conhece. Vê-me sorrindo e lê minha mente
Eu queria mesmo era um café com cubinhos de gelo
Mas é pura mentira que criei para deixar o tempo passar

Às vezes eu olhava pra trás e pensava no que podia viver
Hoje, congelado, eu espero minha tão amada ciência descongelar
Espero uma nova época em que novos sentimentos deixe crescer
Carros voarão, acidentes mais incríveis, não mais solidão, tanto amar

Ela segura minhas mãos que acabei de tirar do casaco
Ainda tão geladas como sempre foi meu coração
Meu sorriso de resposta é frio
Frio

Alexandre Bernardo

Leva

Leva

Vem com seus problemas pela noite
A noite é o problema e a solução
Acostumei a falar e esperar pelo que não tenho

E então num dia passo minutos a te reclamar
O mesmo nome repetido
E você com horas se dedicando
A trespassar a faca nas minhas costas

Leva daqui
É seu

Levanta um dia que a sorte aparece
Loki sorri e você ainda mais
Levante preparado à guerra
Loucuras de amor por todas e nenhuma

Não leu o código?
Não aprendeu?
Esqueceu?
Ignorou

Leva da mentira a vida
E desfaz o que incomoda pelo código
Mas quando aperta o calo, corre e chora

Já não há nada entre a gente
É motivo
Vá lá!
Vala!
Valha!

A. B.

Deixa acalmar

Deixa acalmar

Olhando as ondas do mar eu perco
Senso e noção do bem e do mal
Sou dragão metafísico e mais além

No céu a chuva é mostras de sua vida sem nome
Acordar no meio da noite cheio de mentiras, pesado e perguntar o porquê
Não ter mais motivos pra se intoxicar e ser essa a razão

Esperou pela chance de acreditar o mais forte que pode
Mostrar do que os sentimentos adversos são capazes
Ela fala contigo quando não existe ninguém ao redor
E suas histórias são também seus medos e vitórias

No momento em que deseja ela parte
E os sonhos queimam de novo e de novo
O pensamento é tão gelado quanto seus dedos
Na madrugada segurando o copo

Exibindo seu troféu barato é infantilidade de criança
É seus sorrir que trazia aversão
São suas histórias que alimentam suas mentiras

Só pra se afastar
Só pra se acalmar

Olhando as ondas do mar eu penso
Preciso de mais ondas do mar

A. B.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Ódio da não razão

Ódio da não razão

Não precisava nem de motivos. Não gosto mesmo de ninguém
Odiar é meu esporte e me convém. Afinal, cabe em toda hora e todo lugar

Agora, pensei que seria diferente ter teu pensamento a retornar
Bater na porta e deixá-la ao chão para divertir a estadia
Diga se desse e de outros modos não é que construímos emoção?
Mas são tantas palavras soltas à não razão

Ela cata uma a uma
Recorta excesso ao redor
Assopra
E como passarinhos voam

Perdem-se no ar

E no chão as brasas caem e ao fundo meu sorriso é colorido amarelo-fumaça
Odeio-os
Queimo
Odeio

Sou chama só por odiar o ódio de minha não razão

Pensava um dia ser diferente de tão diferente
Ver e ignorar como todo o pensado e sentido até uma semana atrás
Mas o pensamento é fraco e se infla com as mordidas das abelhas brilhantes
Sobre as feridas vermelhas dançam e o ódio cresce em mim

Era tão ridiculamente o esperado
Que buscar o ódio é ainda mais infantil
Ele nasce da idiotice não combatida no pensamento
Não eliminou a não razão, lições apreendidas de razões

A. B.