segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dor

Mais palavras de Dor

XX


Dor

É só mais uma dor?

Talvez seja como bem sinta

Mais mal que bem, pois mal me levanto

O desejo é transcender

In Bloom e florescer a cada despertar

Os questionamentos um a um

O corpo me diz: jogue-se e se entregue

Mal entendo que é inútil lutar

Talvez por isso eu insista em continuar

Está tudo acabado!

São tantos “talvezes”

Por vezes rodeados de incertezas

A certeza é dor

Pungente, Mordaz, clara e cruel

Ela é o queimar dos cigarros nas mãos

Ela é o tapa na cara, ardente humilhação

Ele é o tocar dos sinos delatando o adultério

Ela é a mão coberta, oculta, assassina, cheia de mistério

Rasga firme minha pele

Arranha, assombra, assusta e espanta

Tudo a mesma coisa escondida por aquele sagrado manto

Corte de espada, afiada, ainda treme

Deixa-me como lhe convier!

Convida, mas...

Ah! Larga de mim!

Deixa-me respirar um momento mais

Livra-me do compromisso de aportar nesse cais

Ah! Deixa-me de qualquer jeito, mas não me deixe assim

A opressão é sempre grande, afoga-me gigante

Imensa é minha cruz e imenso é o pesar

Nojo das metáforas bíblicas na estante

Tão pagão é meu pensar

Tão sincero, sádico, satírico

Eu então só a mim imito

Tento de minha imagem não gostar

A realidade tosca e bela

Não há heróis para nos salvar

Nem sou eu, ao menos, aquele com poder de libertar

Sou aquele que bate, xinga, atropela

Sigo o padrão do destruído

Destituído de moral e pensamento próprio

Sou aquele pinchando muro, sou fruto do ópio

Sou veneno em frasco raso, sou sujo, arrasado

Sou rima pobre, improviso barato

Sou verso branco, sou poema interno rimado

Disfarço tudo de dor, sabor do acaso

Omito-me a responsabilidade de dizer algo tão vago

Bandido, forçado, molestado

Delinquente, marginal, menor abandonado

Santo, exaltado, bem amado

Consciente, pensador e equilibrado

Ah! Quanta mentira e contradição nas palavras de dor

Sua voz toca minha pele com fogo

E a dor é tão extensa quanto as palavras

Que bom era somente fingir dor

Tão certo era largar o sentimento

Como quem deixa a folha de papel

Agora só me resta

Esse sofrer eterno em que palavras são vazias

Meu algoz bate a porta

- Venha até mim, meu salvador

Mal sabe do mal que irei proporcionar

Mas meu desejo é tanto e tanto

Preciso ir

Torturas não esperam

Batem na porta até deixá-la no chão



Alexandre Bernardo


XX


Sentir...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dualidade

Só por lembrar da beleza da contradição

...

XX


Dualidade

Diz-me por que não seguir dois caminhos?
As discussões duais perderam-se na madrugada
Falemos novamente de dualidade
Mais duas garrafas pedi

Bebemos rápido, dois goles
E seguiu o debate dual
- Pois se de um lado não existe o bem
- No outro tampouco há o mal

E se existe realmente o mal, mesmo que pouco
Por aqui deve ele, também, rondar

Seguia na confusão, um gole e tomo outro
As garrafas vazias agora quase enfeites
- Deixe-me te adornar com papéis
- Só me visto com letras
Cubro a vergonha natural com o conhecimento bestial

Canibalizo livros
Somos tão iguais banhados em tinta
E do coração pintado vem uma nova cor
Olho para as outras e não sei diferenciar
Prever, dizer, não mais

Foi meu sonho verdade? Vai mais um gole?
É a semelhança o sinal? Fica outra garrafa

E sigo no questionamento vão
Fera humana responda-me:
- É assim ser dual
Ou ser felino, livro e ébrio é vão?



Alexandre Bernardo

XX

Sinceramente?

Nem quero mais saber...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Vida Moderna

Post em homenagem ao "espírito" de Carnaval o/


XX

Vida Moderna

Um ano distante das letras
Nada escrevo
Vendo meus dias
E em maus dias não imortalizo meus momentos

Penso o lucro de viver na modernidade
Valorizar o material
Perpetuar-me não por gestos, atitudes ou ideais
Penso viver à frente pela roda da engrenagem

Imagino eterno o fruto dos papéis coloridos
Honrar a imagem da nota
Morrer por meu dinheiro
Essa é a nacionalidade amada de meu país

Julgo ingrato aquele que morre
Só para usar do dinheiro de outro
Mas nunca...
Nunca
Abro espaço para mais uma mão suja
Tocar em minhas peças
Girar minha engrenagem

Penso no fim de tudo
Para o desespero nos acalmar
Pois, se um dia o fruto dos meus
Dias vendidos
Vai se desgastar
Desaparecer além mar

N’outro dia serei eu
Em decomposição na cova tombar
Alegria escrota e infiel

Meus poemas sujos e ingratos
Num dia desintegrar

Foi se lá um canto
Um ritmo maligno como praga
Para outra geração infernizar

Vai-se o canto angustioso
Para a própria eliminação superar

Certo é que não em mesma velocidade
Vão-se todos
Morre tudo

Para do zero infinito o sofrimento recomeçar
Com seu assustador potencial

Foi o sentimento
Acabou os lençóis
Foi o sofrimento
Acabou a carne na dispensa
O que não finda é esse meu pesar

Volta o fim e percebo

Se tudo o mais for acabar
A língua de meu poema com ele irá

Não adianta traduzir-me

Pois o destino da próxima, de mim
Meu próximo e você...
Na velocidade de nossa vida moderna
Antes de piscar
Tudo acabará


Alexandre Bernardo

XX

Cause the times they are a-changin...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Sonho

Sigamos!


XX

O Sonho

Acordei hoje mais tarde. Não precisava trabalhar. Pensando em mil maneiras de aproveitar o ócio um só pensamento permanecia firme. Sua força era tamanha que quase me obrigava instantaneamente a atendê-lo.
Volte a dormir. Volte a dormir. Volte a dormir. Com misto de força e pesar levantei, pois não conseguiria ler. Mesmo se tentasse muito. Aconteceu que no longo e árduo caminho até o quarto a campainha tocou.
Por um segundo pensei em organizar o mais rápido possível o apartamento. Esconder as tralhas e guardar as garrafas da noite anterior. Tinha estado com alguns amigos. E amigas. Para que o fim de noite não fosse somente solidão. Chutei para o lado algumas garrafas e o som relembrou uma dor de cabeça extremamente chata e o fato do whisky sempre me fazer esquecer as besteiras da noite anterior.
A campainha tocou novamente.
O som cheirava a problemas.
Por descuido, imbecilidade, falta de raciocínio lógico ou simplesmente a mais pura coragem, estúpido que sou, abri a porta.
Roberto me recebeu com o sorriso mais feliz dos últimos... sei lá... 7 anos. Cumprimentei com um olá, meio amarelo e bem cuidadoso para não transparecer o bafo alcoólico. Ele me abraçou e disse radiante:
- Eu tive um sonho!
Sua voz condizia com seu estado emocional de delito flagrante ou algo assim. Roberto era meio baixinho, pelo menos mais baixo que eu, e sempre fora um magricela que tinha a voz sempre elogiada, desde que nós éramos crianças. O certo era que algo devia ter acontecido para usar aquele tom de voz.
- Thiago, você pode até nem acreditar, mas cara... Eu tive o melhor sonho da minha vida!
O tom de sua voz começava a aumentar e isso sinceramente me assustava um pouco.
- Pois bem – disse eu – entre... acomode-se e me diga com detalhes a importância exata desse sonho.
Sentado e com um sorriso fixo, mas ainda meio “freaking out” ele sentou curingamente dizendo:
- É um sinal!
Nesse estado eu já estava completamente descrente e não esperava que essa conversa fizesse mais sentido que um papo movido a ácido em uma discoteca ao sul de Palm Beach.
- Errr... Continua Roberto... Você não apareceu no trabalho ontem e nem ligou... Por que mesmo? – perguntei.
- Cara – começou ele – ontem decidi tirar um tempo pra mim. Dei uma geral na casa, organizei meus documentos e fiquei revendo minhas lembranças da Ana...
Interrompi antes que a conversa tomasse esse rumo e fui relembrá-lo que a ex-namorada de Roberto (única e eterna ex, já que ele apresenta certa “incapacidade” de conseguir uma namorada nova) e de como era inútil tentar reatar qualquer tipo de relacionamento.
Ele ignorou.
- T, me escuta, eu passei a tarde toda, cara, só olhando aquela foto. Aquela dela encostada no portão da casa da Stella. Aquele cabelo curto preto, o vestido também preto e fumando Malboro, lembra? Poxa... Aquele olhar dela me chamando...
- “T” o caramba – disse ainda calmo – e veja bem meu brother, não vou te repetir que isso é perda de tempo, mas se você não acha que é tempo perdido, vai lá... Acorda que o sonho já terminou e vai viver tua vida!
Levantei irritado e fui buscar meu remédio...
Doutor mundialmente conhecido como Jack Daniels estava no final, mas ainda rendia 5 ou 6 doses para alegrar a manhã (já quase tarde).
- Ok – eu disse já com dois copos nas mãos – nada de gelo, deixe de ser mocinha e me conte a porcaria do sonho depois do cowboy.
- Hum... Tá bem... Foi assim... Meio estranho sabe. Eu estava em algum lugar que não consigo saber muito bem onde era, mas sabia que conhecia o lugar. Ana chegava sozinha. Parecia estar com frio, por causa da roupa que estava usando. Era tipo... Um casaco de pele sabe? Eu sei que ela não gosta por causa dos bichinhos e tal... Mas era o que ela estava usando... – Ele respirou melhor por um instante e vi nesse momento a desculpa perfeita para interromper.
- Ok. Você vai me dizer que esse é o sinal cara? Você parece estar pior do que em todas as outras vezes – Respirei com reprovação e perguntei ainda – Era só isso? Ela mudou completamente seu modo de pensar por comprar um casaco?
Ele mudou levemente de posição e tomou uma pequena dose do whisky.
- Não “T”. Não é só por isso. Ela veio pra mim em sonho. Eu senti a sinceridade que sai de cada uma das palavras que ela dizia. Foi o “sonho”, se é que posso chamar de sonho sabe? Foi o sonho mais real que já tive em toda minha vida... Foi diferente... Diferente de tudo que já vivi em todas as noites depois dela...
Minha cabeça ardia e ficava cada vez mais difícil acompanhar do que se tratava o assunto e mesmo assim e insistia em ceder tempo para as loucuras de Roberto.
O que ela disse “R”? – Disse com um sarcasmo na voz pra ver se ele parava com a idiotice de me chamar de “T” que eu odiava.
- Ela disse que me amava cara. – Sorriu com uma felicidade de assustar.
- Você pirou mesmo Betinho? Você é retardado? É? Você vai acreditar numa declaração de uma guria em um sonho seu? Porra! É isso? – Perdi claramente a paciência, mas não vi outra saída no momento.
- “T”, não foi só isso. Ela me disse que se arrependia de ter me deixado. Que sofria muito com aquilo, mas não podia engolir o orgulho pra me procurar... Pra me pedir pra voltar... – Outra dose pequena no whisky – Ela disse que quer ser feliz do meu lado cara... Você consegue entender isso? É um sinal! Eu só preciso procurar por ela! Explicar pra ela como eu me sinto depois que ela... – Engoliu as palavras que seriam pronunciadas em seguida.
- Te deixou. – Disse seco e amargo.
- Não foi bem assim “T”. Foi algo mútuo – disse envergonhado.
Aproveitei pra soltar tudo o que queria dizer e temia por seus momentos de tristeza.
- Mútuo é o caralho! Você foi abandonado seu otário! Não adianta como você tente fantasiar essa merda! Foi isso que aconteceu e até agora você não foi homem. Homem. Levanta e encara a porra da situação! – Talvez tenha me excedido nos palavrões, mas me senti muito bem por cada um dos distribuídos. E por um momento percebi como aquilo iria terminar.
- Você não tem o direito de falar assim... – ainda não reagia.
- Por que eu não estava lá... Não é mesmo? Como se eu não soubesse quem é você e principalmente quem é a Ana... – isso surtiria o efeito que eu queria agora...
Ele se levantou e colocou o copo na mesa com calma. Ele estava contando. Eu sabia que ele era esse tipo de cara e então provoquei.
- Você sabe não é? – Nem tinha nada pra saber, mas o efeito dessas perguntas é sempre devastador na área da curiosidade. Destrói amizades, mas eu tentaria de novo.
Ele tentou me acertar com um soco direto na cara. Era uma dança. Óbvia o suficiente pra eu conseguir fugir sem dificuldades. Quando ele passou direto pelo impulso exagerado que tomou, eu o empurrei na direção do corredor. Tinha algumas roupas jogadas, mas nada muito protetor para aliviar sua queda. Bateu com as costas no chão e xingou algo antes de levantar. Ele nunca foi bom com brigas.
- O que você quer? O que você está tentando provar? Fala Roberto! – perguntei já gritando e pensando na possibilidade de algum vizinho aparecer. Já bastava a bagunça na noite anterior.
- Quero provar que estou certo! Eu estou certo! As coisas mudam e você precisa perceber isso! – Ele terminou a última frase antes de partir para tentar me acertar.
O impulso o trazia para a sala. Coisas demais para quebrar. A briga teria efeitos menos devastadores se continuasse no corredor e no máximo arranhasse as paredes. E nossos cotovelos e joelhos possivelmente. Avancei com o ombro então. Acertei seu maxilar e o murro acertou meu estômago. Nada preocupante. Não foi com força o suficiente. Ele caiu mais perto da porta do banheiro. Existiam mais duas atrás. Dois quartos e ambos fechados. Festa na noite anterior, quartos obviamente fechados na manhã seguinte. Olhei pra porta e o whisky me lembrou de uma pegação na noite anterior. Isso poderia me desconcentrar e evitei, enquanto andava na direção de Roberto com os olhos cheios de raiva e preocupação. Não queria machucá-lo, por mais que ele quisesse isso.
- Você ainda vai conversar? Ou como vai ser? – falei mais baixo agora.
Ele levantou e estendeu os braços como se pedisse um abraço.
Sorri e caminhei em sua direção. Ele me segurou firme e disse no meu ouvido baixinho:
- Desculpa – Eu senti sinceridade na palavra.
Eu já me preparava para dizer que estava tudo bem, quando ele me jogou na porta fechada do quarto. O barulho foi imenso e a porta abriu. Ele veio atrás de mim. Bati a cabeça na porta e pelo impacto ou pelo whisky não consegui me recuperar rápido o suficiente pra levantar. Quando o vi, ele já segurava a gola da minha camisa e se preparava para um soco. Eu iria agüentar. Talvez fosse trabalhar com um olho roxo, o que não seria de modo nenhum novidade. Ele olhou em direção a cama e parou. Senti curiosidade e virei o pescoço. Só vi um cabelo loiro, muito liso, entre minhas cobertas. Esqueci da briga por um instante e pensei na loira e em como noite anterior foi potencialmente boa, já que lembrava somente de alguns flashes. Sorri.
- Sabe... Eu sei por que você é infeliz – Roberto disse seriamente – É por que você nunca vai conhecer ninguém como a Ana... Alguém pra te deixar sentindo o... – Ele engolia até os pensamentos nesse momento.
Olhei para a cama e mais uma vez para Roberto. Lágrimas nos olhos. Fechei o olho com força e olhei novamente para os lençóis.
Ana.
Cabelo descolorido. Tampando o resto do corpo com os lençóis e claramente envergonhada. Ela não sorria, nem chorava e nem parecia pretender dizer uma palavra.
O soco que levei na boca foi o mais forte em muito tempo. Sangue saiu de minha boca e enfeitou o guarda-roupa ao lado. Eu achei justo. Roberto xingava muito e eu permanecia tonto. Eu era o alvo. O culpado. E nem se lembrava da Ana.
Ela começou a tentar me defender e Roberto a ignorava. Ela começou a vestir suas roupas e se preparar para deixar meu apartamento. Roberto que não queria me deixar e já começa a me bater sem tanta força. Chorava muito mais firmemente. E eu não pretendia reagir.
Quando ele parou, sentou-se na cama e permaneceu parado. Ana sentou-se ao lado e disse algumas palavras para ele. Eu não conseguia ouvir e nem me esforçava. Ela pegou sua bolsa em uma das mãos e seu salto em outra. E saiu com o mesmo andar superior que me motivou a investir nela na noite anterior. Erro do whisky. Da vida e do whisky, mas eu podia ter evitado. Sei que podia. Sangrava ainda e percebi que meu supercílio estava cortado. Segurei para conter parcialmente o sangue. Ia precisar de um ou dois pontos. Que droga...
Levantei.
- Roberto... Não adianta fantasiar sua vida com sonhos... As coisas não mudam... Nunca mudarão...
Sai do apartamento, peguei um táxi até uma unidade de pronto-atendimento e ao voltar não vi mais Roberto por lá. Não o vi por alguns dos anos que se seguiram. Alguns dizem que ele aprendeu. Outros dizem que ainda quebrou a cara por outros lugares do globo. Certo foi que se demitiu do trabalho e na cidade ninguém mais ouvia falar dele. Eu sempre o imaginei feliz com outra Ana. Uma que gostasse dele e o fizesse feliz. Estilo príncipe e princesa dos contos infantis.
Se pudesse trocar uma ou duas palavras, talvez dissesse:
- Vai... E mesmo sozinho seja feliz...



Alexandre Bernardo

XX

Another fake tale...

Just
Another...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A viagem de um pagão





Entre mudanças e viagens


XX

A viagem de um pagão

Fazem-se malas
Desfazem-se sonhos
Um por um a ti consagrados
No altar pagão no chão do meu quarto

Não me vejas baixo
E se de baixo me vê
Saiba que é por no céu estar voando
Às alturas elevo minha oração

E por que digo se não acredito?
E por que deveria dizer se cansei de me vender
Continuo o sonho mudo. Finjo e minto
Tudo é sinal. Falta ao crente crer

Falta ao sonho a liberdade
Minha mala eu carrego na viagem
Desfaço tudo antes de sair de casa
E pra ver se de tudo esqueço
Só pra me esquecer

Nela vou colocando a vida enquanto sigo
Não me olhe assim, não me leve a mal
A garrafa vazia me lembra do álcool derramado na estrada
Era combustível humano homenageando deuses e demônios eternos errantes
Um figo, uma manga ou uma história. É Tudo alimento

Só não me venha com maça podre
Ridícula metáfora perdida. Ciência esquisita.

Venha. Compartilhe que eu te faço perdão
Insanidade?
Essa é minha vida, minha fruta e meu pão...

E perdoa agora os pecados de um pagão
Culpado, julgado e condenado
Crime: Não acreditar demais nem em você nem em ninguém
Muito menos em salvação



Alexandre Bernardo

XX

Insane

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Ilha

Período ativo de trabalho...

Sigamos!


XX

Ilha

Já vai?
Sim, estou sempre de saída
Apressado a fugir da vida
É o caminho que me atraí

Eu percebo tempos distintos
Ando por terras onde me divirto
Escondo-me do que se aproxima de mim
Seja mortal, infernal ou querubins

Tenho sonhos e tenho medo
Tenho um amor, pelo qual tenho imenso zelo
Mas não encontro as devidas respostas
Que motivam as infundadas apostas

Aposto contigo que continuarei vivendo
E sei bem de tudo isso
Mesmo conhecendo cada segundo que ando sofrendo
Eu morro a todo instante por causa disso

Queria eu uma ilha onde pudesse morar
Mas se não tenho, formarei de lágrimas o meu mar
Todo o meu redor de doenças alagado
Só para na angústia eu voltar a viver

Sorver a solidão
Deixá-la me envolver

Deixa-me afogar...


Alexandre Bernardo

XX

Drowning...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Meus momentos são palavras perdidas

"Não acreditava que era apenas um momento... Não acreditava que viver simplesmente... acaba"


XX

Meus momentos são palavras perdidas

Meus momentos são palavras perdidas
Que procuro escrever
Disfarço de bobo minhas palavras
Não o que digo ou o que vou dizer

Minhas tristezas são ondas fortes
Que batem em minha casa
E tantas coisas como minhas lágrimas
Procuro somente esconder

Não queria te molhar

Minhas roupas, livros, lençóis
Meus sonhos, esperanças, minha voz

E de você vem me privar
E sinto meu peito afundado
Respirar é fraco movimento
Enquanto entendo o contar das dores que vem do peito

Afligir o coração
Isso seria?

Oh! Meu caro...
É somente o fato de que

Meu tolo e bobo coração sangra...


Alexandre Bernardo

XX

Listen: Jenny lewis and the watson twins - Rabbit fur coat



Without words...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ninguém vai ouvir

More Words


XX



Ninguém vai ouvir

Hoje voltava pra casa enquanto chovia. O céu queria desabar, mas sabia que aquele não era o momento. Um assassino encurralava sua vítima para a última facada, mas sabia que aquele não era o momento. Um pai segurava o filho morto há horas e queria largá-lo, mas sabia que aquele não era o momento. Um casal de namorados se abraçava sem temer o amanhã, mas não iriam se separar, por que aquele ali simplesmente não era o momento.
No entanto todos esses momentos chegaram. E ninguém ouviu.
Ninguém ouviu enquanto o senhor caminhava e choramingava mal-dizendo da própria existência com a faca-culpada nas mãos. Ninguém ouviu.
Ninguém ouviu os gritos de dor entre a tosse desesperada, enquanto os familiares sem nenhum grau de parentesco se debatiam contra as paredes da câmara de gás. Ninguém ouviu.
Ninguém ouviu os tiros que aconteciam no convés enquanto entravam no bote salva-vidas. Ninguém ouviu.
Ninguém ouviu enquanto ele prometia não ser o autor dos disparos, mesmo segurando tanto sangue que já se esvai de seu corpo. Sabia que iria morrer, mas mesmo assim. Ninguém ouviu.
Ninguém ouviu quando ela prometia melhorar. A ponte parecia dar um apoio e um ombro amigo mais significativo. Ninguém ouviu.
Não fui eu. Não foi você. Ninguém nunca vai ouvir.


Alexandre Bernardo

XX

Let's hear the sound of silence...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

À morte de velhos amigos

"Andando todos juntos... Mãos dadas... E o abismo parece reconfortante"


XX


À morte de velhos amigos

Não deseja voltar ao assunto
Meu anseio é nunca mais precisar
Acontece que o círculo de amizade antiga
Desfaz-se rápido, rápido e rápido demais

Não sei mais o que pensar
Só me recolhendo ao pesar
Para no abismo infinito saltar
Como tu também fizeste

Ao teu modo
Mas fizeste

Por um lado, irmão conhecido, disputas de cartas
Cantadas das piores, bem verdade eram baratas
Truco, blefe e parcerias à vitória
Outro conhecido na escola, nas rodas de violão
Nossas canções, fogueiras e um gato preto

Seus erros tão claros e evidentes
Ainda os cometo
Acometido pela culpa quero também ressaltar
Seus talentos, personalidade e amizade
Sim, disso gosto de lembrar

E por que assim?
A vida se esvai tão rápido
Quão rápido o sangue jorra?
Tanto é triste estar vivo com a sempre possibilidade de morte

Não se espera o assassinato para acelerar as coisas
Não se espera o acidente
O passo rápido na madrugada

Não adiantou fugir
Pois o pior dos roubos é aquele que te leva a existência
É o roubo da jóia preciosa vida
É deixar seu corpo coberto em sangue a escorrer

De quem lembrou no último instante?
Quanto meus amigos sofreram?
Quanto os outros sofrem inda hoje eu sei

Nosso último adeus repleto de saudade
A quem se foi pelas mãos de um animal
Bestial homem e seus motivos fúteis
A quem foi pelas próprias mãos
Por desejo, fuga ou insanidade

Uma mãe chora
Outro finge choro, lamenta o abandono
Um cão largado morre
A lágrima de uma filha seca
E a vida dos meus amigos não volta nunca mais
Dia a dia a falta aumenta
Momentos imaginários divagados
Devagar
Lágrima seca não cai
Valoriza o hoje
Para não sentir o arrependimento de ontem

Pois tudo passa
Mas quanto dói ver tua vida passar assim
Quanto dói ver a morte a passeio assim
Perto dos amigos
Que só desejam motivos para sorrir



Alexandre Bernardo


XX


Mais do que nunca aqui

E depois do que li

Só carregando mais palavras de pesar