quarta-feira, 30 de maio de 2012

Este lado


Não é bem poema... Na verdade eu nunca me preocupei em classificar... Acontece que existem "marcadores"... 

É só este lado
Pensamentos sujos que deixo escapar...


XX

Este lado

É só este lado
Pensamentos sujos que deixo escapar

Não suporto mais as risadas
Pessoas felizes e imbecis
Sorrisos dilaceradamente infantis
Seu modo fácil de levar a vida
Entreter-se, divertir-se e se relacionar

Seus sorrisos sempre parecem me ferir
A boca se abre para exibir minhas chagas
Não quero esse nome que me lembra tela de celular
Não vou esquecer, mesmo que o esforço seja imenso nas madrugadas
Momentos marcantes

Quero antes a liberdade de sentir
Quero antes o amargor do porvir

Só para que eu possa recordar
Que de toda força empenhada para tudo consertar
O mundo faz sempre questão de intervir
Não dá certo
Não dá

Emperrar

Que de toda esperança e fé depositada em encontrar
Mais ainda da essência se perde
Só mentir e rir

Suas palavras me atrapalham a pensar
Suas conversas não deixam meu ser se acalmar

E agora levanto-me
Pensamento firme na cabeça

Fazer do meu sofrimento minha moeda, meu dinheiro
Pois os dois na verdade são o mesmo


Alexandre Bernardo

XX

Vendendo a minh'alma ao Capitalismo...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Aprendendo a somar


Organizando...

XX

Aprendendo a somar

Acordei hoje esquecendo-me da lógica
Como eu construí ideias sem nunca ter?
Como eu vivi sem as leis da robótica?
E como é inútil disso viver

Não me lembro das contas mais simples
Não sei um círculo desenhar
Pra mim dois e dois são cinco e não seis
E ai do fraco ignóbil que duvidar!

Minha calculadora de dores e pesar foi o que sobrou das aulas
E é também o que de patético e prático ficou

Mas mesmo assim meu professor me ensinou a somar

Ele colocou a faca e o queijo em minhas mãos
Não verdade não foi bem se assim
Se fosse eu comeria e esqueceria sem ligar

Foram canetas, livros e um ou outro lápis
Caneta, fórmula, incêndio, mochila, revista, detenção
Devo dizer que até gostei, brinquei com giz
Mesmo assim foi um erro típico de vida levada por um ser vil

Mas meu professor me ensinou a somar

E o resto que eu iria utilizar em vida, cabia só a mim
Eu precisava entender
Usar ou não usar
Ignorante ou ainda mais cabe só a mim decidir



Alexandre Bernardo

XX

Dá?

terça-feira, 1 de maio de 2012

Para ser feliz e nada mais - Parte III


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XX

Meu telefone toca.
Aurora. Moça simpática de nome interessante, mas ligando em horário inoportuno. Eu podia não atender. Não faço isso. Eu podia recusar a corrida. Dinheiro. A menina está em apuros. Aceito. Vamos buscar Aurora que seu sorriso valerá a corrida. Minha hipocrisia me espanta. Fiz um preço absurdo e Aurora aceitou. Jeito de rica igual a rica. Aquele jeito nunca me iludiu. Sei que dinheiro ela deve ter muito mais. Faltava sujeira e acne para fazer um preço menor. Sobravam ligações e táxis. E sempre ficava pendurada no celular. Gargalhadas e mais gargalhadas. Mas muito educada.
Não foi por mal. Outra e outra vez. Veja bem, preciso de um pouco mais de dinheiro daqueles que algo tem. Do contrário morreria com meus demais, iguais e não tão iguais. O sono ainda atrapalha e Aurora não pode me ver cansado. Era prejuízo. E devo pensar em minha família. Serei feliz. Agora eu tenho a ideia para me fazer feliz. Eu sei.
Busquei Aurora no aeroporto. Vinha feliz e me contou com brilho nos olhos que era noiva. Cara sortudo. A moça por onde passava chamava atenção. Além de rica, bela e dona de um sorriso pra lá de cativante. No caminho nem tocou no telefone celular e veio contando sonhos e expectativas.
Eu ouvi mais da metade.
E segui.
A comemoração seguia na lapa. Lá no fim. Desci pela Mem de Sá e lembrava bem do reflexo que viria na minha direção antes dos arcos. Algo me distraiu. Uma ideia. Um pensamento só. Algo que iria mudar o mundo e me faria feliz.
Os demônios ruivos juntos do sol me cegaram. Foi só um segundo, mas já era suficiente. Pensei se dormi. Os gritos de Aurora. Desesperada. Era tão injusto. O mundo era injusto. E eu só queria ser feliz. Entrei na faixa contrária e tentei desviar do primeiro carro, o ônibus veio grande e perto demais para conseguir frear. Apagou.
A essência da vida de Aurora. O que sobrou da minha vida. E principalmente minha ideia pra ser feliz. Apagou. Ninguém descobriu. Ninguém foi feliz. Provavelmente ninguém jamais será.
Não deu um samba.



Alexandre Bernardo

XX

Just it