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O frioÉ o gélido estado que estou que me enganaDesci o rio congelado, descalço e pisando em falsoMedo de cair no gelo e não tentar mais lutarToda minha vida eu pensei ser um viajante glacialCongelado tinha finalmente os olhos azuisFoi exigência minha e da sociedade do TexasLoucura era meu olhar parecer tanto com o mesmo de semprePerdido e isolado. Sem alma, sem lar, sem par.
Meus passos deixavam pedacinhos de gelo no caminho
Ele parecia mais amigável como um pequeno sorvete
Daqueles divididos em frente à roda gigante
Ela tinha um ursinho polar em suas mãos
Ela me conhece. Vê-me sorrindo e lê minha mente
Eu queria mesmo era um café com cubinhos de gelo
Mas é pura mentira que criei para deixar o tempo passar
Às vezes eu olhava pra trás e pensava no que podia viver
Hoje, congelado, eu espero minha tão amada ciência descongelar
Espero uma nova época em que novos sentimentos deixe crescer
Carros voarão, acidentes mais incríveis, não mais solidão, tanto amar
Ela segura minhas mãos que acabei de tirar do casaco
Ainda tão geladas como sempre foi meu coração
Meu sorriso de resposta é frio
Frio
Alexandre Bernardo
LevaVem com seus problemas pela noiteA noite é o problema e a soluçãoAcostumei a falar e esperar pelo que não tenhoE então num dia passo minutos a te reclamarO mesmo nome repetidoE você com horas se dedicandoA trespassar a faca nas minhas costas
Leva daqui
É seu
Levanta um dia que a sorte aparece
Loki sorri e você ainda mais
Levante preparado à guerra
Loucuras de amor por todas e nenhuma
Não leu o código?
Não aprendeu?
Esqueceu?
Ignorou
Leva da mentira a vida
E desfaz o que incomoda pelo código
Mas quando aperta o calo, corre e chora
Já não há nada entre a gente
É motivo
Vá lá!
Vala!
Valha!
A. B.
Deixa acalmarOlhando as ondas do mar eu percoSenso e noção do bem e do malSou dragão metafísico e mais alémNo céu a chuva é mostras de sua vida sem nomeAcordar no meio da noite cheio de mentiras, pesado e perguntar o porquêNão ter mais motivos pra se intoxicar e ser essa a razãoEsperou pela chance de acreditar o mais forte que pode
Mostrar do que os sentimentos adversos são capazes
Ela fala contigo quando não existe ninguém ao redor
E suas histórias são também seus medos e vitórias
No momento em que deseja ela parte
E os sonhos queimam de novo e de novo
O pensamento é tão gelado quanto seus dedos
Na madrugada segurando o copo
Exibindo seu troféu barato é infantilidade de criança
É seus sorrir que trazia aversão
São suas histórias que alimentam suas mentiras
Só pra se afastar
Só pra se acalmar
Olhando as ondas do mar eu penso
Preciso de mais ondas do mar
A. B.
Ódio da não razãoNão precisava nem de motivos. Não gosto mesmo de ninguémOdiar é meu esporte e me convém. Afinal, cabe em toda hora e todo lugarAgora, pensei que seria diferente ter teu pensamento a retornarBater na porta e deixá-la ao chão para divertir a estadiaDiga se desse e de outros modos não é que construímos emoção?Mas são tantas palavras soltas à não razãoEla cata uma a uma
Recorta excesso ao redor
Assopra
E como passarinhos voam
Perdem-se no ar
E no chão as brasas caem e ao fundo meu sorriso é colorido amarelo-fumaça
Odeio-os
Queimo
Odeio
Sou chama só por odiar o ódio de minha não razão
Pensava um dia ser diferente de tão diferente
Ver e ignorar como todo o pensado e sentido até uma semana atrás
Mas o pensamento é fraco e se infla com as mordidas das abelhas brilhantes
Sobre as feridas vermelhas dançam e o ódio cresce em mim
Era tão ridiculamente o esperado
Que buscar o ódio é ainda mais infantil
Ele nasce da idiotice não combatida no pensamento
Não eliminou a não razão, lições apreendidas de razões
A. B.
DelíriosSentado aqui no quarto do hotelPenso em coisas que me fazem felizPenso na rua torta e confusa que me fez perder o caminho de te encontrarPenso no olhar perdido do pedinte ao lado do sorriso do casal na PaulistaPenso se terei muitos choques a aguentar até ser considerado sãoPenso no ébrio que carrega minha face e meu sorriso na AugustaSão tantos gritosNinguém pra escutarSão tantos ouvidos
Mas nenhuma verdade pra lembrar
Alexandre Bernardo
Momentos desperdiçadosFoi somente um dia de ressacaFoi somente uma semana mal descansadaFoi somente um ano de não produçõesFoi somente o mês não trabalhadoFoi somente o final de semana sem partidasFoi somente a viagem de volta sem leituraFoi somente o momento que deixei passarFoi somente a ligação que não atendiFoi somente o sentimento que escondi
Foi somente a sentença que omiti
Foi somente a cor que não usei
Foi somente uma doença que exagerei
Foi somente uma cura que não compartilhei
Foi somente um brinquedo que esqueci na gaveta
Foram somente palavras que deixei de escrever
Momento desperdiçados
A. B.
LuaVem cá.Você não vem?Olho pra você assimCerteza que não vai cair pra cá?Vem sambar nas ruas de braços abertosCurtir a chuva aqui de baixoDesce do salto e vem amarDesceOu
Cai de vez
A. B.
Percebo escrever motivado pelo amorComo assim? Por quê? Onde?As perguntas não podem responder maisElas são somatórias a pensamentos confusosFoi muito gim misturado a tempo ociosoCereais e zimbro ou mesmo cevada maltadaNão me lembro de maisAdemaisFez me perderTodo o pudor que sentia em dizer
Percebo escrever motivado pelo prazer
E de que foi a busca e houve respostas
Foi só mais uma pergunta que meu pudor
Não. Não saberia responder
Deixei o esperar de lado por motivos fúteis
Irritei a mim mesmo e foi o momento
De maior diversão que tive há tempos
Arrepender-se por um quase beijo forçado
Ver a vergonha rubra em minha cara no banheiro
Rubor no moreno é tom que só a natureza pode fazer
E esse meu azul acinzentado em pele foi presente ancestral
Percebo escrever motivado pelo tesão
Foi uma de minhas asas que arrebentou
Voo preciso, mas pouso forçado
Foi pelo calor do momento e intensidade
Voei alto demais e bem sabes que minha cera
É pouca, minhas asas tortas
Um anjo reverso de sentimentos falsários
Estelionatário de calor obtido do sol
E só assim me vejo voar
A. B.