segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Imperfeição

Só para dizer de um dos momentos
Daqueles que a gente se sente humano...


XX

Imperfeição


Ando cansado
Remendar os farrapos
Costuras as linhas nas palavras
Unir as teias da história

Nada tem sentido

Os dedos frios segurando a caneta
Menor ainda de certo seria, essa frieza que levo no coração
Quem sabe por que e como fui eu congelar
Não sei, nem lhe perguntei, responda-me sei lá
Quem sabe se ao menos tentou o sangue estancar

Meu coração bate assim lento

Sem saber o rumo que irá tomar

Deprimido

Arrume-me algum comprimido que me dá a alegria
A mesma que tanto procurei e nunca encontrei, nenhum lugar

Quem terá a luz para enfim aquece-lo?
Busco inútil que nas noites empreendo
Nas devidamente engendradas palavras
O gelo desse coração se aquebranta

Trazendo dor e mais dor
Novos sentidos para o rancor

Quem foi que disse
Que as palavras ferem?
Quem foi que disse
Que elas também podem curar?

Minha doce cura é ilusão

Minha vida
Retrato gelado na parede de um quarto
Na porta escrito
“Aqui jaz nossa eterna imperfeição”


Alexandre Bernardo

XX

Sempre humano

Sempre aqui


A.B.

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