Tenho pensado em educação.
Não somente daquela com a qual todos
têm que lidar no dia a dia. Aguentar a “falta de educação” humana já é tão
comum que banalizo desrespeito com um sorriso. O inesperado machuca bem mais.
Penso na educação não só de meu
país. Não é somente mera torcida por valorização do profissional docente. Não estou
querendo maiores escolas e o próximo Einstein. Quem sabe um Bobby Fischer? Mozart?
Eu a valorizar minha bandeira com um Santos Dumont nas camisas vendidas na
esquina onde só havia foto do Che e Bob Marley.
Não é crítica. É só pensamento.
Eu pensei na educação tempos
atrás. Estava me despedindo de uma escola em que trabalhava como professor, mas
não tinha avisado os alunos ainda. Aulas de despedida tendem a ser emotivas
demais e sempre busquei evitá-las. Eu sabia que terminaria, mas confiava no
professor substituto e tentava manter o bom trabalho até o último segundo.
Cheguei ao último dia. Um desejo
se realizou.
Em uma das turmas que não lembro ao
certo qual, um aluno que também não lembro o nome me disse uma frase que nunca
esqueci.
Eu queria você fosse embora daqui
e não voltasse mais.
Lembro que ele não “gostava” de
mim. Eu era o chato que queria fazê-lo estudar. Era insistente. Chamava atenção
para a aula. E estava errado.
O desejo se realizou.
Anos se passaram e esse episódio
continua na minha memória sem fazer muito sentido. O desejo permanece
realizado. Eu imaginei a recepção da notícia no dia seguinte. Será que ele
comemorou ou se arrependeu? Será que sua convicção hoje é que continuo errado?
Será que se lembrou de algo que eu disse no momento de uma questão do
vestibular?
Meus amigos da educação por vezes
dizem que irão abandonar tudo de vez. O governo já o fez.
Eu?
Recebo um dia ou outro uma dúvida
que ao respondê-la recebo um “obrigado, professor” acompanhado de um sorriso
que me faz pensar em educação.
Talvez ainda possa valer a pena
continuar por mais vinte anos...
A. B.
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