quarta-feira, 24 de abril de 2013

Frágil


Frágil

Asas frágeis. É difícil voar. Agora o pouso, por mais que assuste, conforta.
Acho que descobri de uma vez por todas o que é morrer.
Morrer é só um susto. Nada mais que um momento.
Passa correndo em desespero enquanto na sua mente não se passa uma vida. Nada disso. Você só pensa, ainda que inconformado “é isso? Esse é o fim da história?”. Questionamento válido e motivado enquanto as pessoas gritam. Seus amigos gritam e você pensa em você. O som estupidamente alto da batida. Você só pensa em você. E meu egoísmo não é único e sei. É o mais humano que aproximo da palavra. Preocupação com sobrevivência pela sobrevivência. Instinto animal. Humano. E você só pensa em você.
É só um susto. É só um momento. E você procura por abrigo e alguém do seu lado. Um conforto que supostamente lhe daria tempo de sentir aquele algo mais. A maioria por aí pensando em morrer. Desde que não sendo pelas próprias mãos está tudo bem. Sonhando com a própria morte. Nos sonhos também é só um susto.
Não dá tempo de reminiscências nem arrependimento enquanto a bala cruza repetidas vezes. Não há tempo após o estrondo. Após a explosão, não é mais você. Quando a água começa a entrar, não é mais você. Quando a fumaça já tomou conta de tudo, não é mais você. E seu coração batendo rápido é mais indício de momento. Sua vida é só momento.
E você só pensa em você.
Frágil.

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