terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

À morte de velhos amigos

"Andando todos juntos... Mãos dadas... E o abismo parece reconfortante"


XX


À morte de velhos amigos

Não deseja voltar ao assunto
Meu anseio é nunca mais precisar
Acontece que o círculo de amizade antiga
Desfaz-se rápido, rápido e rápido demais

Não sei mais o que pensar
Só me recolhendo ao pesar
Para no abismo infinito saltar
Como tu também fizeste

Ao teu modo
Mas fizeste

Por um lado, irmão conhecido, disputas de cartas
Cantadas das piores, bem verdade eram baratas
Truco, blefe e parcerias à vitória
Outro conhecido na escola, nas rodas de violão
Nossas canções, fogueiras e um gato preto

Seus erros tão claros e evidentes
Ainda os cometo
Acometido pela culpa quero também ressaltar
Seus talentos, personalidade e amizade
Sim, disso gosto de lembrar

E por que assim?
A vida se esvai tão rápido
Quão rápido o sangue jorra?
Tanto é triste estar vivo com a sempre possibilidade de morte

Não se espera o assassinato para acelerar as coisas
Não se espera o acidente
O passo rápido na madrugada

Não adiantou fugir
Pois o pior dos roubos é aquele que te leva a existência
É o roubo da jóia preciosa vida
É deixar seu corpo coberto em sangue a escorrer

De quem lembrou no último instante?
Quanto meus amigos sofreram?
Quanto os outros sofrem inda hoje eu sei

Nosso último adeus repleto de saudade
A quem se foi pelas mãos de um animal
Bestial homem e seus motivos fúteis
A quem foi pelas próprias mãos
Por desejo, fuga ou insanidade

Uma mãe chora
Outro finge choro, lamenta o abandono
Um cão largado morre
A lágrima de uma filha seca
E a vida dos meus amigos não volta nunca mais
Dia a dia a falta aumenta
Momentos imaginários divagados
Devagar
Lágrima seca não cai
Valoriza o hoje
Para não sentir o arrependimento de ontem

Pois tudo passa
Mas quanto dói ver tua vida passar assim
Quanto dói ver a morte a passeio assim
Perto dos amigos
Que só desejam motivos para sorrir



Alexandre Bernardo


XX


Mais do que nunca aqui

E depois do que li

Só carregando mais palavras de pesar

Nenhum comentário:

Postar um comentário