sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Vida Moderna

Post em homenagem ao "espírito" de Carnaval o/


XX

Vida Moderna

Um ano distante das letras
Nada escrevo
Vendo meus dias
E em maus dias não imortalizo meus momentos

Penso o lucro de viver na modernidade
Valorizar o material
Perpetuar-me não por gestos, atitudes ou ideais
Penso viver à frente pela roda da engrenagem

Imagino eterno o fruto dos papéis coloridos
Honrar a imagem da nota
Morrer por meu dinheiro
Essa é a nacionalidade amada de meu país

Julgo ingrato aquele que morre
Só para usar do dinheiro de outro
Mas nunca...
Nunca
Abro espaço para mais uma mão suja
Tocar em minhas peças
Girar minha engrenagem

Penso no fim de tudo
Para o desespero nos acalmar
Pois, se um dia o fruto dos meus
Dias vendidos
Vai se desgastar
Desaparecer além mar

N’outro dia serei eu
Em decomposição na cova tombar
Alegria escrota e infiel

Meus poemas sujos e ingratos
Num dia desintegrar

Foi se lá um canto
Um ritmo maligno como praga
Para outra geração infernizar

Vai-se o canto angustioso
Para a própria eliminação superar

Certo é que não em mesma velocidade
Vão-se todos
Morre tudo

Para do zero infinito o sofrimento recomeçar
Com seu assustador potencial

Foi o sentimento
Acabou os lençóis
Foi o sofrimento
Acabou a carne na dispensa
O que não finda é esse meu pesar

Volta o fim e percebo

Se tudo o mais for acabar
A língua de meu poema com ele irá

Não adianta traduzir-me

Pois o destino da próxima, de mim
Meu próximo e você...
Na velocidade de nossa vida moderna
Antes de piscar
Tudo acabará


Alexandre Bernardo

XX

Cause the times they are a-changin...

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