domingo, 14 de outubro de 2012
Elos do passado
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Mata-me e mato
sábado, 25 de agosto de 2012
Só mais um
domingo, 19 de agosto de 2012
Deixa eu fugir
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Este lado
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Aprendendo a somar
terça-feira, 1 de maio de 2012
Para ser feliz e nada mais - Parte III
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Pra ser feliz e nada mais - Parte 2
XX
Fico preocupado com o sono. Não posso perder corridas por aparentar mais ou menos cansaço. O trânsito ainda tenta influenciar minha felicidade. Ele não se importa e viveria até melhor sem mim. Por esse motivo, eu sigo meu pensamento pelos semáforos. Paro um instante, me preocupo e corro. Sem limites por essa manhã cinza. Levo pessoas ao trabalho. Alguns procurando um bom lugar para um curto café da manhã. Tenho opções decoradas. Conheço os caminhos mais curtos e os becos sem saída. A cidade me auxilia. Mesmo ela aumentando a cada dia. E o cheiro de fumaça com ela.
Preciso da praia. Uma corrida pelo corcovado talvez. Por qualquer aterro. Livrar-me do cimento está cada vez mais difícil. Trava meus pensamentos. Limita meus movimentos. Tudo é passado. Acontece que minha felicidade depende de mim. E com esse pensamento vou sobrevoando as construções. Sobrevivendo a alguns dias que se passam em cada tediosa hora do trabalho. Quase sinto sono e sei que não posso. Talvez não fosse feliz coberto por aquele lençol branco. Deitado no meio de uma avenida carioca. Doce leito. Daria um samba! Certeza! Mas acho que ninguém lembraria... Nem no noticiário local iriam se importar (dependendo do engarrafamento, comentariam o acidente ao menos).
Não teria uma comissão de frente na Apoteose com um cara qualquer vestido de taxista (Acredite que existe um jeito próprio de se vestir assim, poucos são verdadeiros o suficiente). Ele levaria uma garrafa de Rum na mão, parecida com a que guardo no porta-malas bem no canto pra não atrapalhar as bagagens dos passageiros, e também deitaria esperando ser coberto por um lençol manchado de vermelho. Eu iria sorrir tanto do céu e ainda mais do inferno ao vê-lo atropelado por uma alegoria. Provavelmente seria do inferno, dado as minhas atitudes cotidianas. Mesmo assim me acho um bom homem. Sou justo quando preciso. Sou sincero nos momentos certos. Seria de lá. Injusto. Mas agora eu tinha um pensamento que me faria feliz. Nada mais importa. Não posso dormir.
O movimento da cidade aumenta de forma vertiginosa. Amistoso da seleção. É contra uma seleção desconhecida que ninguém conhece. Mesmo assim o número de viagens com destino ao Maracanã não param. Aproveito para cobrar um pouco mais por corridas fechadas. Bem melhor.
Entenda mais uma vez que não faço por mal. Tenho que olhar nos olhos de Antônia quando voltar pra casa hoje. Ela vai me ouvir dizendo que o dia foi ótimo e vai sorrir satisfeita. Nossos luxos são poucos e difíceis de manter. A cidade sofre para me alimentar. Às vezes somos muitos filhos. Ricos tão poucos e com tanto. Bocas demais. Favelas demais. E outros tipos de bocas demais também. Meu filho reclama em perder o celular que sabe que corri demais pra conseguir. Levaram por uma favela qualquer por aí. Sei lá. Não gosto de repetir, sabe? Parece que vai me trazer um tipo de mal-olhado estranho e mal vejo que tudo o que preciso é de menos má sorte. Afinal, por mais que eu saiba, não me sai da cabeça essa ideia de ser feliz. E cada vez acredito mais em meus ideais.
Na hora do jogo, levo alguns atrasados para um lado e para outro. Outros trabalhando sem se importar, sabem que o jogo de hoje não vale praticamente “nada” e tem muitos caminhos para trilhar.
A cidade vai passando.
A vida acabando.
Meu pensamento crescendo.
Agora minhas corridas vão chegando ao fim. E eu tenho pensamento. Serei feliz. Posso até ficar rico com isso. Definitivamente. Mas depois de feliz, o dinheiro nem vai importar. E é só isso que quero. Não me importar. Finalizo minha última corrida. A luz do sol via nos deixando, mas antes nos deixa os demônios ruivos do entardecer.
XX
Segue...
terça-feira, 27 de março de 2012
Pra ser feliz e nada mais - Parte 1
Pra ser feliz e nada mais
A minha felicidade depende de mim.
Pensava solto no ar. A vida nem era mais tão cinza. Eu queria acreditar e somente isso já me deu forçar para acreditar e forjar cada uma das minhas verdades. Eu já não era agnóstico, cético, ateu, religioso, crente, nada disso. Eu era dono das verdades absolutas sem aquele ar de estúpido que enobrece as pessoas. Pelo menos eu as considerava ricas (e, só por isso, nobres) e estúpidas. E pensando em outra verdade menos importante o dinheiro deixava até meu melhor amigo bem estúpido. Eu contaria. Cantaria ao mundo se preciso fosse. Só para provar que eu havia esquecido e que agora a felicidade dependia de mim.
Continuei seguindo em frente. Um passo de cada vez. Tempo úmido mesmo com o sol desejando sair. Lutava com as nuvens para se libertar e ver a cidade. Pelo tempo que passava aqui olhando ele devia gostar da cidade. Era sempre assim pela manhã. A vida parecia querer nascer nas ruas, nos prédios, em meio à construção, mas não deixava de lado outras estruturas, fossem estas remédios, deserto, favela, praia ou o ribeirão. Leve a vida chegava a cada um.
Lembrei da praia. Como não ser feliz na praia? Acontece que às vezes é só a angústia que vai lá morar. Pior saber que muitas vezes ainda iria passar. Sei que vou precisar. Vai ser um turista que não tem ideia do caminho de casa. Será um engomadinho de bolso cheio, cansado de esforço. E de qual esforço?
Essa gente nasce com essa luz opaca que nem ilumina, nem apaga, mas que com o tempo cega. E você nem percebe até chegar. Até cegar.
Chegando a garagem, percebo tudo funcionando como deveria. A cidade caminha como deve andar. A minha felicidade depende de mim e tem certas coisas que simplesmente não devem acontecer. Não hoje. Se meu táxi tivesse sido roubado, depredado ou algo assim, talvez as pessoas não acreditassem. E minha felicidade depende de mim.
A.B.
XX
Dado, dado, dado o que fizeram com você?
sexta-feira, 9 de março de 2012
Mais que dia!
Sem dias. Cem noites.
XX
Mais que dia
- Mais que dia!
Era a frase dita toda noite como um velho ritual ao se deitar ao lado da mulher que já nem notava a falta ou sua presença.
- Mais que dia!
Dizia ele em busca de reafirmação e um pouco de atenção. Quem sabe?
Dizia como queria. Era livre. Maizi que diaz. Más que dia. Mas que dia.
Sem nenhuma resposta, seu corpo cansado deitava seus músculos e ossos estendidos em uma cama macia para adentrar naquele estado de semi-morte... Como chamam?...Sono...Chamam de sono mesmo se não me engano.
Ele dormia com aquela mensagem na cabeça, daquela forma que o inconsciente não te deixa mais em paz. Tormento... Tormento puro. Entre reviravoltas, remexidas, vai e volta, puxa e solta cobertores, tomou um empurrão. Sua mulher cansada de seus movimentos. Já desconhecia a paciência excessiva que só o amor traz.
Acontece que nesse empurrão uma letra se perdeu.
E que falta que fez. E quanto tudo muda por uma letra consciente ou inconscientemente.
A mesma letra que pretendia começar o nome de seu filho. A mesma que se iniciava o nome de seu pai. Era só mais um singelo sinal de desrespeito. Aquele respeito que quando falta em vida e alguém que deveria ser importante e não era se vai. É mostrada a face da ingratidão. Tudo pensa ser revertido, se perante outros ingratos presta-se homenagens sem nenhum sentido.
Show de horrores, bem no estilo horrorshow que a fruta se industrializa para alguns mostrou. Alguém podia entender o significado?
Realidade?
Quase ninguém entendeu.
Mas nem entre a estranha semelhança gerativa de T e D alguém entendeu. E provavelmente nem faça sentido de uma maneira ou de outra, por que um I também se perdeu.
A frase seguia soberana em seus reinos do subconsciente enquanto emitia um barulho semelhante a um baixo urro assimilado como ronco.
Mais alto lembraria os gritos nos altares dos deuses e semideuses. Há muitos mortos, mas poucos se lembrariam disso.
A falta do I. Sua presença seria notada...
Mas que dia!
Ele precisava de complemento! Ele precisava de complemento!
E o inconsciente se expandiu. Era uma nova frase que planava sobre seus pensamentos mais recônditos e adormecidos e um a uma se levantava buscando seu espaço naquele mundo empoeirado. Sua cabeça latejava.
Mais que dia!
Mas que dia!
Mas que da!
Tudo iria mudar? Levantaria de mal humor e seria despedido após uma bela reunião? Daria atenção a sua mulher? E, enfim, amor... Todo amor do mundo que enfim queria... procuraria por uma vida melhor?
Eu lembro bem. Ela me disse: já que não posso te amar, deixa só eu te odiar um pouco mais?
Entenderia que uma vida em alta velocidade não significa vida intensa, e sim, que as coisas da vida perdem-se mais e mais rápido...
Daria o valor que valia a vida. Daquela que vale a cada momento ser vivida, vale cada instante de dor e prazer.
Vale cada mês, cada jogo de futebol ao lado do filho, vale a vibração do gol no último lance e vale o choro e a despedida no último beijo, pois mesmo na dor, tem o seu o que de vale a pena viver.
Viver vale a pena... Mesmo suportando dura pena...
Entenderia a falsidade dessas palavras e mesmo assim as reafirmaria, pois a esperança que aparece no olhar da criança é a mesma que motiva o viver e a busca da felicidade verdadeira...
Mesmo nunca entendendo...
- Mais que dia... Tudo e nada iria acontecer?
Sua cabeça latejava.
- Mais que dia... Teria o que lhe faltava e todo o tempo do mundo?
Começava a despertar e sua cabeça doía.
- Mais que dia... Entenderia e esqueceria o significado da vida?
E por um segundo, sem precisar de nenhuma dessas e nem de outras palavras entendeu.
Entre o sangue que vertia como rio nos seus olhos viu a figura de um velho prostrado aos pés de sua cama. Seu olhar era de quem entendia e esquecia constantemente o sentido da vida. E com essa bagunça toda se divertia.
Um sorriso.
E ele caía sentindo todo o esplendor daquela paz.
Disseram que foi mais um ataque cardíaco.
Não acredito. Para mim isso foi só boato.
Morte cerebral sem aparente motivo.
Bobagem.
Uma doença rara que ataca uma em cada dez milhões de pessoas.
Mais um excesso de números e palavras vazias.
Mas alguém sabia... Mas... Mas melhor seria não contrariar.
Certas coisas na vida possuem várias maneiras de ser desveladas.
E nessa velocidade fica tão difícil entender tudo o que é visto nas janelas.
E passando tão rápido, os sentidos são perdidos e eu sei que cada momento é muito importante. Sei também que o mais usual é sempre somar e para todos essa vida é tão estranha de viver... E de viver por viver...
Os sentidos?
Perderam-se num olhar e num sorriso de paz...
O saber? O aviso do que será esquecer...
E viver por viver... Minha cabeça lateja ainda mais... O parto ocorre e eu mal consigo olhar... A vida me dói... Da dor tento me livrar... E desse modo...
A vida se esvai...
O velho homem coloca a mão sobre meu ombro e diz suavemente:
- Não adianta e nem nunca adiantou lutar...
Alexandre Bernardo
XX
Sem mais. Cem menos. Como que quiser.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Palavras de bar em bar
Por que seguir sem querer seguir?
XX
Palavras de bar em bar
É noite, como sempre devia ser
Copo cheio, como sempre deve estar
A ebriedade é o motivo do meu viver
Copo em copo, dose em dose, bar em bar
Já conheço todos os lugares dessa cidade imunda
Em que posso vomitar
Palavras, gestos, estupidez e opiniões
Liberta-me dos meus preconceitos e grilhões
Só para outros criar, novas brigas inventadas
E depois eu culpo o álcool, minha alienação
Não suporto mais as risadas
Pessoas felizes e imbecis
Seu modo fácil de levar a vida
Entreter-se, divertir-se e se relacionar
Seu sorriso sempre parece me ferir
A boca se abre para exibir minhas chagas
Não quero esse nome, que lembra a tela de celular
Fotos de momentos marcantes
Quero antes a liberdade de sentir
Quero antes o amargor do porvir
Só pra que eu possa recordar
Que de toda força empenhada para tudo
O mundo faz questão de interferir
Ferir
Emperrar
Ferrar
Que de toda esperança e fé depositada
Em encontrar
Chorar
Mais ainda da essência se perde
Só mentir
E rir
Suas palavras me atrapalham a pensar
Suas conversas não deixam meu ser se acalmar
E agora levanto-me
Pensamento firme na cabeça
Fazer do sofrimento dinheiro
Pois os dois na verdade são o mesmo
Alexandre Bernardo
XX
Sem palavras e mais sem dizeres tolos
quarta-feira, 7 de março de 2012
Assassino de Aluguel
Matando ideias e ideais...
XX
Assassino de Aluguel
Assassino de aluguel
Mato ideias e ideais
Pensamentos e sentimentos
E começo logo a sorrir
Torvo, tosco, torto e cruel
Mordendo o próprio lábio até sangrar
Vejo no sofrimento antes da morte
A seriedade que gostaria de ver em todos enquanto vida
O fim pode ser mais belo que o começo
Ou ser o mesmo
Entendo
O sangue jorra
Pesado, escuro e atraente
Levo minha lâmina, meu caminho e minha história
Levo minha crueldade, meu dinheiro e minha pistola
Já tenho um pensamento
Pra dividir antes de tirar a próxima vida
Será divertido
Mais uma vez
Alexandre Bernardo
XX
...
terça-feira, 6 de março de 2012
Canção à Destruição
Seguindo correndo da vida e dos pensamentos que me atormentam...
XX
Canção à Destruição
Petrifiquei um momento, foi certo
E duvidei de teus planos tolos
Indaguei se era mesmo verdade
Esse falar e fingir tua vontade
Foi com eletricidade, 220 volts
Foi com um pingo de amor, oceano de dor
Morde e arranca um pedaço do meu coração
Nem ligo, pois minha força é som de trovão
Sigo na fumaça e ando parado
Nem sei se vivo, morto, respiro o fogo
Mas não consigo evitar esse medo insano
De tudo que não vi, não vivi, foi engano
E na dual traição dos amigos do raio
Sol e trovão nos meus tímpanos
Em outros olhos cegam a verdade
E se foi sangue e guerra
O que sobrou foi vergonha, interesse e insônia
Nos que fugiram sem os membros por terra
Nos que pelo mar nadaram sem pernas
Alguém mesmo lhes espera?
Deus do raio ou do trovão
É o mesmo deus da guerra
Sua voz adornada de falsidade. É roto
Só se diverte com destruição
Canto a ti essa canção
Outra mais moldada em fogo
Estúpido é ainda meu coração
Somos brasas de um vulcão
Alexandre Bernardo
XX
Future? Nothing!!!
sexta-feira, 2 de março de 2012
Amigo (s) Poeta (s)
Amigo poeta
Meu amigo anda respirando poesia
Rima até mesmo seu falar
Combina doses, hora exata do cigarro, um porre
Dizendo que tudo está em seu perfeito lugar
Seus versos são por vezes retos – diretos de direita
Pungentes
É inspiração de uma briga de bar
Como fosse sua vida, vezes não segue coerente
Esbarra aqui, ali, não se deixa estar
Com os brancos traz razão
Incoerência de forma
É sua recusa a musa
Sua Vênus é livre
Recém saída da cadeia, prendeu ali sua beleza
E o que sobra vende em liquidação
Boca quebrada e sangue escorrendo pelas vielas sujas de lama
Meu amigo poeta aspira da sujeira
A limpeza do processo de criação
Esteticamente belo une os versos em estrofes
Une um a um e os costura
Por vezes, é fato, se fura
Mas o vermelho do sangue traz cor a seus pensamentos
E o que seria da vida sem cor
Sem dor e seu falar?
Segue meu amigo poeta
Seu estilo forte e rápido é também musical
Sua escrita é discurso punk lúcido marginal moldado no fogo bestial
Alexandre Bernardo
A.B.
XX
Rumo ao infinito, ao nada, à morte e além...