domingo, 14 de outubro de 2012

Elos do passado


Elos do passado

Vem aqui
Hoje eu cismei que queria alguém pra conversar
Falar sem pressa sobre as coisas mais inúteis e inconvenientes
Compartilhar da dor e da desilusão pela vida
Só pra gente poder rir depois e brincar de sonhar

Senta aqui mais perto
Deixa eu te mostrar o último novo som da semana seguinte
Que amanhã mesmo ninguém vai se lembrar
Sabe essa música? É inspiração pura da nova corrente de poesia “elos do passado”
Eu que inventei, mas amanhã posso não estar mais inspirado

Ouve só um pouco mais
Daí, vou combater meu ideal filosófico com unhas e dentes
Rasgar os panfletos e comentar acima e abaixo que foi um tremendo erro
E que ninguém pode se lembrar, e que você não vai compactuar com isso
E desse modo a gente pode ser feliz, bem mais feliz que o sorriso da nova atriz

Olha bem pra ela
Linda e bem mais linda, ela é um sonho de estrela que nunca poderemos alcançar
Também você queria? Olha, esse meu amor cresce nesse surpreender que vem me mostrar
E você me diz que o sorriso dela é falso, que não compra felicidade
Que em verdade ela é só mais uma como nós, sem vida, sem sonho e sem lugar

Posso duvidar de seus princípios?
Dos meus também me canso. Assim como cansei de sua voz aqui do lado
Não posso mais dar lugar às suas críticas e opiniões sobre lado certo e errado
Sua voz estridente cansou meus tímpanos e já não te quero mais
Sua opinião sempre destrutiva sobre minha vida, eu já não quero mais

Tudo eu posso fazer sozinho
Não. Eu não preciso de você
Mesmo que eu tenha só te fantasiado de perfeição
Que só servia para outra esquecer

Alexandre Bernardo

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Mata-me e mato


Mata-me e mato

Com a bela exceção
De a vida ser só isso que é e nada mais
Eu começo meu divagar nos oceanos de pesares
Meu viajar é ébrio, confuso e sem um porto seguro, cais
É enganação

Meus momentos são só tremendas justificativas sem fim
Foi só por isso, aquilo ou nada disso
E por tanto dizer, também me perco no meio do negro marfim
Pra que tantas palavras se nem dos universos paralelos preciso?

Todo o meu tempo é perdido
Esse também
Meus universos
Nada disso tem sentido

Não me sinto mais eu
Pela falta de você, fato
Pelo meu tempo não superado sem você
É só esse breu

Mato
Mata-me
Mato-me
Sou meio eu, meia natureza e meio mato

Nunca um

Alexandre Bernardo

sábado, 25 de agosto de 2012

Só mais um


Só mais um

Hoje caminhei numa multidão
E tive certezas que já havia tido
Pensei uma série de coisas que todos
Todos podiam ter pensado

Alguém ao meu lado pensou
E eu nem percebi
Que era único entre eles

Todos eram únicos entre si
Mesmo assim iguais
Tristemente iguais

Mesmas dores, medos, preocupações
Ambições, desesperos e superações
Ridiculamente iguais

E eu?
Sou só mais um

Sem importância
Sem passado
Sem voz
Vazio

Alexandre Bernardo

domingo, 19 de agosto de 2012

Deixa eu fugir


Listen: One evening - Feist

Velhos hábitos não podem morrer...

xx

Deixa eu fugir

Eu corro
Parado eu corro
A paisagem ao meu lado muda sem parar
Continuo me achando mais pesado a cada segundo

Eu corro
Tento mudar sem esforço
Rendo-me facilmente aos meus desejos mais infantis
Afinal, se eu tentasse mais forte poderia até dar certo e a motivação morreria

Eu corro
Meu coração desacelera
Apenas não parecia tão pequeno e escuro assim
Deve ser pela fumaça do cigarro que me mata devagar, mas sem sangrar

Eu corro
São palavras me perseguindo
Você não pode passar por tudo isso sozinho
Ninguém me alcança porque minha passada é larga e meu rastro pouco

Eu corro
De qualquer socorro
Não posso mais ouvir nenhuma linha
Canso a vista e a paciência com versos brancos de sentido e razão

Eu corro
Por que é tão mísero o que posso dizer
Sem que os malditos pensamentos venham me afogar
Minhas visões da madrugada que fazem tudo que eu digo terminar em você

Alexandre Bernardo

xx

Talvez não seja a continuidade o melhor caminho
Mesmo assim
Nem faz diferença mesmo

Dia qualquer
Qualquer dia aqui

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Este lado


Não é bem poema... Na verdade eu nunca me preocupei em classificar... Acontece que existem "marcadores"... 

É só este lado
Pensamentos sujos que deixo escapar...


XX

Este lado

É só este lado
Pensamentos sujos que deixo escapar

Não suporto mais as risadas
Pessoas felizes e imbecis
Sorrisos dilaceradamente infantis
Seu modo fácil de levar a vida
Entreter-se, divertir-se e se relacionar

Seus sorrisos sempre parecem me ferir
A boca se abre para exibir minhas chagas
Não quero esse nome que me lembra tela de celular
Não vou esquecer, mesmo que o esforço seja imenso nas madrugadas
Momentos marcantes

Quero antes a liberdade de sentir
Quero antes o amargor do porvir

Só para que eu possa recordar
Que de toda força empenhada para tudo consertar
O mundo faz sempre questão de intervir
Não dá certo
Não dá

Emperrar

Que de toda esperança e fé depositada em encontrar
Mais ainda da essência se perde
Só mentir e rir

Suas palavras me atrapalham a pensar
Suas conversas não deixam meu ser se acalmar

E agora levanto-me
Pensamento firme na cabeça

Fazer do meu sofrimento minha moeda, meu dinheiro
Pois os dois na verdade são o mesmo


Alexandre Bernardo

XX

Vendendo a minh'alma ao Capitalismo...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Aprendendo a somar


Organizando...

XX

Aprendendo a somar

Acordei hoje esquecendo-me da lógica
Como eu construí ideias sem nunca ter?
Como eu vivi sem as leis da robótica?
E como é inútil disso viver

Não me lembro das contas mais simples
Não sei um círculo desenhar
Pra mim dois e dois são cinco e não seis
E ai do fraco ignóbil que duvidar!

Minha calculadora de dores e pesar foi o que sobrou das aulas
E é também o que de patético e prático ficou

Mas mesmo assim meu professor me ensinou a somar

Ele colocou a faca e o queijo em minhas mãos
Não verdade não foi bem se assim
Se fosse eu comeria e esqueceria sem ligar

Foram canetas, livros e um ou outro lápis
Caneta, fórmula, incêndio, mochila, revista, detenção
Devo dizer que até gostei, brinquei com giz
Mesmo assim foi um erro típico de vida levada por um ser vil

Mas meu professor me ensinou a somar

E o resto que eu iria utilizar em vida, cabia só a mim
Eu precisava entender
Usar ou não usar
Ignorante ou ainda mais cabe só a mim decidir



Alexandre Bernardo

XX

Dá?

terça-feira, 1 de maio de 2012

Para ser feliz e nada mais - Parte III


Like this...

XX

Meu telefone toca.
Aurora. Moça simpática de nome interessante, mas ligando em horário inoportuno. Eu podia não atender. Não faço isso. Eu podia recusar a corrida. Dinheiro. A menina está em apuros. Aceito. Vamos buscar Aurora que seu sorriso valerá a corrida. Minha hipocrisia me espanta. Fiz um preço absurdo e Aurora aceitou. Jeito de rica igual a rica. Aquele jeito nunca me iludiu. Sei que dinheiro ela deve ter muito mais. Faltava sujeira e acne para fazer um preço menor. Sobravam ligações e táxis. E sempre ficava pendurada no celular. Gargalhadas e mais gargalhadas. Mas muito educada.
Não foi por mal. Outra e outra vez. Veja bem, preciso de um pouco mais de dinheiro daqueles que algo tem. Do contrário morreria com meus demais, iguais e não tão iguais. O sono ainda atrapalha e Aurora não pode me ver cansado. Era prejuízo. E devo pensar em minha família. Serei feliz. Agora eu tenho a ideia para me fazer feliz. Eu sei.
Busquei Aurora no aeroporto. Vinha feliz e me contou com brilho nos olhos que era noiva. Cara sortudo. A moça por onde passava chamava atenção. Além de rica, bela e dona de um sorriso pra lá de cativante. No caminho nem tocou no telefone celular e veio contando sonhos e expectativas.
Eu ouvi mais da metade.
E segui.
A comemoração seguia na lapa. Lá no fim. Desci pela Mem de Sá e lembrava bem do reflexo que viria na minha direção antes dos arcos. Algo me distraiu. Uma ideia. Um pensamento só. Algo que iria mudar o mundo e me faria feliz.
Os demônios ruivos juntos do sol me cegaram. Foi só um segundo, mas já era suficiente. Pensei se dormi. Os gritos de Aurora. Desesperada. Era tão injusto. O mundo era injusto. E eu só queria ser feliz. Entrei na faixa contrária e tentei desviar do primeiro carro, o ônibus veio grande e perto demais para conseguir frear. Apagou.
A essência da vida de Aurora. O que sobrou da minha vida. E principalmente minha ideia pra ser feliz. Apagou. Ninguém descobriu. Ninguém foi feliz. Provavelmente ninguém jamais será.
Não deu um samba.



Alexandre Bernardo

XX

Just it

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Pra ser feliz e nada mais - Parte 2

XX


Fico preocupado com o sono. Não posso perder corridas por aparentar mais ou menos cansaço. O trânsito ainda tenta influenciar minha felicidade. Ele não se importa e viveria até melhor sem mim. Por esse motivo, eu sigo meu pensamento pelos semáforos. Paro um instante, me preocupo e corro. Sem limites por essa manhã cinza. Levo pessoas ao trabalho. Alguns procurando um bom lugar para um curto café da manhã. Tenho opções decoradas. Conheço os caminhos mais curtos e os becos sem saída. A cidade me auxilia. Mesmo ela aumentando a cada dia. E o cheiro de fumaça com ela.

Preciso da praia. Uma corrida pelo corcovado talvez. Por qualquer aterro. Livrar-me do cimento está cada vez mais difícil. Trava meus pensamentos. Limita meus movimentos. Tudo é passado. Acontece que minha felicidade depende de mim. E com esse pensamento vou sobrevoando as construções. Sobrevivendo a alguns dias que se passam em cada tediosa hora do trabalho. Quase sinto sono e sei que não posso. Talvez não fosse feliz coberto por aquele lençol branco. Deitado no meio de uma avenida carioca. Doce leito. Daria um samba! Certeza! Mas acho que ninguém lembraria... Nem no noticiário local iriam se importar (dependendo do engarrafamento, comentariam o acidente ao menos).

Não teria uma comissão de frente na Apoteose com um cara qualquer vestido de taxista (Acredite que existe um jeito próprio de se vestir assim, poucos são verdadeiros o suficiente). Ele levaria uma garrafa de Rum na mão, parecida com a que guardo no porta-malas bem no canto pra não atrapalhar as bagagens dos passageiros, e também deitaria esperando ser coberto por um lençol manchado de vermelho. Eu iria sorrir tanto do céu e ainda mais do inferno ao vê-lo atropelado por uma alegoria. Provavelmente seria do inferno, dado as minhas atitudes cotidianas. Mesmo assim me acho um bom homem. Sou justo quando preciso. Sou sincero nos momentos certos. Seria de lá. Injusto. Mas agora eu tinha um pensamento que me faria feliz. Nada mais importa. Não posso dormir.

O movimento da cidade aumenta de forma vertiginosa. Amistoso da seleção. É contra uma seleção desconhecida que ninguém conhece. Mesmo assim o número de viagens com destino ao Maracanã não param. Aproveito para cobrar um pouco mais por corridas fechadas. Bem melhor.

Entenda mais uma vez que não faço por mal. Tenho que olhar nos olhos de Antônia quando voltar pra casa hoje. Ela vai me ouvir dizendo que o dia foi ótimo e vai sorrir satisfeita. Nossos luxos são poucos e difíceis de manter. A cidade sofre para me alimentar. Às vezes somos muitos filhos. Ricos tão poucos e com tanto. Bocas demais. Favelas demais. E outros tipos de bocas demais também. Meu filho reclama em perder o celular que sabe que corri demais pra conseguir. Levaram por uma favela qualquer por aí. Sei lá. Não gosto de repetir, sabe? Parece que vai me trazer um tipo de mal-olhado estranho e mal vejo que tudo o que preciso é de menos má sorte. Afinal, por mais que eu saiba, não me sai da cabeça essa ideia de ser feliz. E cada vez acredito mais em meus ideais.

Na hora do jogo, levo alguns atrasados para um lado e para outro. Outros trabalhando sem se importar, sabem que o jogo de hoje não vale praticamente “nada” e tem muitos caminhos para trilhar.

A cidade vai passando.

A vida acabando.

Meu pensamento crescendo.

Agora minhas corridas vão chegando ao fim. E eu tenho pensamento. Serei feliz. Posso até ficar rico com isso. Definitivamente. Mas depois de feliz, o dinheiro nem vai importar. E é só isso que quero. Não me importar. Finalizo minha última corrida. A luz do sol via nos deixando, mas antes nos deixa os demônios ruivos do entardecer.


XX


Segue...

terça-feira, 27 de março de 2012

Pra ser feliz e nada mais - Parte 1

Pra ser feliz e nada mais

A minha felicidade depende de mim.

Pensava solto no ar. A vida nem era mais tão cinza. Eu queria acreditar e somente isso já me deu forçar para acreditar e forjar cada uma das minhas verdades. Eu já não era agnóstico, cético, ateu, religioso, crente, nada disso. Eu era dono das verdades absolutas sem aquele ar de estúpido que enobrece as pessoas. Pelo menos eu as considerava ricas (e, só por isso, nobres) e estúpidas. E pensando em outra verdade menos importante o dinheiro deixava até meu melhor amigo bem estúpido. Eu contaria. Cantaria ao mundo se preciso fosse. Só para provar que eu havia esquecido e que agora a felicidade dependia de mim.

Continuei seguindo em frente. Um passo de cada vez. Tempo úmido mesmo com o sol desejando sair. Lutava com as nuvens para se libertar e ver a cidade. Pelo tempo que passava aqui olhando ele devia gostar da cidade. Era sempre assim pela manhã. A vida parecia querer nascer nas ruas, nos prédios, em meio à construção, mas não deixava de lado outras estruturas, fossem estas remédios, deserto, favela, praia ou o ribeirão. Leve a vida chegava a cada um.

Lembrei da praia. Como não ser feliz na praia? Acontece que às vezes é só a angústia que vai lá morar. Pior saber que muitas vezes ainda iria passar. Sei que vou precisar. Vai ser um turista que não tem ideia do caminho de casa. Será um engomadinho de bolso cheio, cansado de esforço. E de qual esforço?

Essa gente nasce com essa luz opaca que nem ilumina, nem apaga, mas que com o tempo cega. E você nem percebe até chegar. Até cegar.

Chegando a garagem, percebo tudo funcionando como deveria. A cidade caminha como deve andar. A minha felicidade depende de mim e tem certas coisas que simplesmente não devem acontecer. Não hoje. Se meu táxi tivesse sido roubado, depredado ou algo assim, talvez as pessoas não acreditassem. E minha felicidade depende de mim.


A.B.

XX

Dado, dado, dado o que fizeram com você?

sexta-feira, 9 de março de 2012

Mais que dia!

Sem dias. Cem noites.


XX

Mais que dia


- Mais que dia!

Era a frase dita toda noite como um velho ritual ao se deitar ao lado da mulher que já nem notava a falta ou sua presença.

- Mais que dia!

Dizia ele em busca de reafirmação e um pouco de atenção. Quem sabe?

Dizia como queria. Era livre. Maizi que diaz. Más que dia. Mas que dia.

Sem nenhuma resposta, seu corpo cansado deitava seus músculos e ossos estendidos em uma cama macia para adentrar naquele estado de semi-morte... Como chamam?...Sono...Chamam de sono mesmo se não me engano.

Ele dormia com aquela mensagem na cabeça, daquela forma que o inconsciente não te deixa mais em paz. Tormento... Tormento puro. Entre reviravoltas, remexidas, vai e volta, puxa e solta cobertores, tomou um empurrão. Sua mulher cansada de seus movimentos. Já desconhecia a paciência excessiva que só o amor traz.

Acontece que nesse empurrão uma letra se perdeu.

E que falta que fez. E quanto tudo muda por uma letra consciente ou inconscientemente.

A mesma letra que pretendia começar o nome de seu filho. A mesma que se iniciava o nome de seu pai. Era só mais um singelo sinal de desrespeito. Aquele respeito que quando falta em vida e alguém que deveria ser importante e não era se vai. É mostrada a face da ingratidão. Tudo pensa ser revertido, se perante outros ingratos presta-se homenagens sem nenhum sentido.

Show de horrores, bem no estilo horrorshow que a fruta se industrializa para alguns mostrou. Alguém podia entender o significado?

Realidade?

Quase ninguém entendeu.

Mas nem entre a estranha semelhança gerativa de T e D alguém entendeu. E provavelmente nem faça sentido de uma maneira ou de outra, por que um I também se perdeu.

A frase seguia soberana em seus reinos do subconsciente enquanto emitia um barulho semelhante a um baixo urro assimilado como ronco.

Mais alto lembraria os gritos nos altares dos deuses e semideuses. Há muitos mortos, mas poucos se lembrariam disso.

A falta do I. Sua presença seria notada...

Mas que dia!

Ele precisava de complemento! Ele precisava de complemento!

E o inconsciente se expandiu. Era uma nova frase que planava sobre seus pensamentos mais recônditos e adormecidos e um a uma se levantava buscando seu espaço naquele mundo empoeirado. Sua cabeça latejava.

Mais que dia!

Mas que dia!

Mas que da!

Tudo iria mudar? Levantaria de mal humor e seria despedido após uma bela reunião? Daria atenção a sua mulher? E, enfim, amor... Todo amor do mundo que enfim queria... procuraria por uma vida melhor?

Eu lembro bem. Ela me disse: já que não posso te amar, deixa só eu te odiar um pouco mais?

Entenderia que uma vida em alta velocidade não significa vida intensa, e sim, que as coisas da vida perdem-se mais e mais rápido...

Daria o valor que valia a vida. Daquela que vale a cada momento ser vivida, vale cada instante de dor e prazer.

Vale cada mês, cada jogo de futebol ao lado do filho, vale a vibração do gol no último lance e vale o choro e a despedida no último beijo, pois mesmo na dor, tem o seu o que de vale a pena viver.

Viver vale a pena... Mesmo suportando dura pena...

Entenderia a falsidade dessas palavras e mesmo assim as reafirmaria, pois a esperança que aparece no olhar da criança é a mesma que motiva o viver e a busca da felicidade verdadeira...

Mesmo nunca entendendo...

- Mais que dia... Tudo e nada iria acontecer?

Sua cabeça latejava.

- Mais que dia... Teria o que lhe faltava e todo o tempo do mundo?

Começava a despertar e sua cabeça doía.

- Mais que dia... Entenderia e esqueceria o significado da vida?

E por um segundo, sem precisar de nenhuma dessas e nem de outras palavras entendeu.

Entre o sangue que vertia como rio nos seus olhos viu a figura de um velho prostrado aos pés de sua cama. Seu olhar era de quem entendia e esquecia constantemente o sentido da vida. E com essa bagunça toda se divertia.

Um sorriso.

E ele caía sentindo todo o esplendor daquela paz.

Disseram que foi mais um ataque cardíaco.

Não acredito. Para mim isso foi só boato.

Morte cerebral sem aparente motivo.

Bobagem.

Uma doença rara que ataca uma em cada dez milhões de pessoas.

Mais um excesso de números e palavras vazias.

Mas alguém sabia... Mas... Mas melhor seria não contrariar.

Certas coisas na vida possuem várias maneiras de ser desveladas.

E nessa velocidade fica tão difícil entender tudo o que é visto nas janelas.

E passando tão rápido, os sentidos são perdidos e eu sei que cada momento é muito importante. Sei também que o mais usual é sempre somar e para todos essa vida é tão estranha de viver... E de viver por viver...

Os sentidos?

Perderam-se num olhar e num sorriso de paz...

O saber? O aviso do que será esquecer...

E viver por viver... Minha cabeça lateja ainda mais... O parto ocorre e eu mal consigo olhar... A vida me dói... Da dor tento me livrar... E desse modo...

A vida se esvai...

O velho homem coloca a mão sobre meu ombro e diz suavemente:

- Não adianta e nem nunca adiantou lutar...



Alexandre Bernardo


XX


Sem mais. Cem menos. Como que quiser.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Palavras de bar em bar

Por que seguir sem querer seguir?


XX


Palavras de bar em bar

É noite, como sempre devia ser

Copo cheio, como sempre deve estar

A ebriedade é o motivo do meu viver

Copo em copo, dose em dose, bar em bar

Já conheço todos os lugares dessa cidade imunda

Em que posso vomitar

Palavras, gestos, estupidez e opiniões

Liberta-me dos meus preconceitos e grilhões

Só para outros criar, novas brigas inventadas

E depois eu culpo o álcool, minha alienação

Não suporto mais as risadas

Pessoas felizes e imbecis

Seu modo fácil de levar a vida

Entreter-se, divertir-se e se relacionar

Seu sorriso sempre parece me ferir

A boca se abre para exibir minhas chagas

Não quero esse nome, que lembra a tela de celular

Fotos de momentos marcantes

Quero antes a liberdade de sentir

Quero antes o amargor do porvir

Só pra que eu possa recordar

Que de toda força empenhada para tudo

O mundo faz questão de interferir

Ferir

Emperrar

Ferrar

Que de toda esperança e fé depositada

Em encontrar

Chorar

Mais ainda da essência se perde

Só mentir

E rir

Suas palavras me atrapalham a pensar

Suas conversas não deixam meu ser se acalmar

E agora levanto-me

Pensamento firme na cabeça

Fazer do sofrimento dinheiro

Pois os dois na verdade são o mesmo



Alexandre Bernardo


XX


Sem palavras e mais sem dizeres tolos

quarta-feira, 7 de março de 2012

Assassino de Aluguel

Matando ideias e ideais...


XX


Assassino de Aluguel

Assassino de aluguel

Mato ideias e ideais

Pensamentos e sentimentos

E começo logo a sorrir

Torvo, tosco, torto e cruel

Mordendo o próprio lábio até sangrar

Vejo no sofrimento antes da morte

A seriedade que gostaria de ver em todos enquanto vida

O fim pode ser mais belo que o começo

Ou ser o mesmo

Entendo

O sangue jorra

Pesado, escuro e atraente

Levo minha lâmina, meu caminho e minha história

Levo minha crueldade, meu dinheiro e minha pistola

Já tenho um pensamento

Pra dividir antes de tirar a próxima vida

Será divertido

Mais uma vez


Alexandre Bernardo


XX


...

terça-feira, 6 de março de 2012

Canção à Destruição

Seguindo correndo da vida e dos pensamentos que me atormentam...




XX

Canção à Destruição

Petrifiquei um momento, foi certo

E duvidei de teus planos tolos

Indaguei se era mesmo verdade

Esse falar e fingir tua vontade

Foi com eletricidade, 220 volts

Foi com um pingo de amor, oceano de dor

Morde e arranca um pedaço do meu coração

Nem ligo, pois minha força é som de trovão

Sigo na fumaça e ando parado

Nem sei se vivo, morto, respiro o fogo

Mas não consigo evitar esse medo insano

De tudo que não vi, não vivi, foi engano

E na dual traição dos amigos do raio

Sol e trovão nos meus tímpanos

Em outros olhos cegam a verdade

E se foi sangue e guerra

O que sobrou foi vergonha, interesse e insônia

Nos que fugiram sem os membros por terra

Nos que pelo mar nadaram sem pernas

Alguém mesmo lhes espera?

Deus do raio ou do trovão

É o mesmo deus da guerra

Sua voz adornada de falsidade. É roto

Só se diverte com destruição

Canto a ti essa canção

Outra mais moldada em fogo

Estúpido é ainda meu coração

Somos brasas de um vulcão


Alexandre Bernardo


XX


Future? Nothing!!!

sexta-feira, 2 de março de 2012

Amigo (s) Poeta (s)

Esse é para o Hilton Rafael (Nosso Castelo de Cartas), Thiago Spíndola (Des-humanos) e Jeff sem @ e sem contato


Sigamos!



XX

Amigo poeta

Meu amigo anda respirando poesia

Rima até mesmo seu falar

Combina doses, hora exata do cigarro, um porre

Dizendo que tudo está em seu perfeito lugar

Seus versos são por vezes retos – diretos de direita

Pungentes

É inspiração de uma briga de bar

Como fosse sua vida, vezes não segue coerente

Esbarra aqui, ali, não se deixa estar

Com os brancos traz razão

Incoerência de forma

É sua recusa a musa

Sua Vênus é livre

Recém saída da cadeia, prendeu ali sua beleza

E o que sobra vende em liquidação

Boca quebrada e sangue escorrendo pelas vielas sujas de lama

Meu amigo poeta aspira da sujeira

A limpeza do processo de criação

Esteticamente belo une os versos em estrofes

Une um a um e os costura

Por vezes, é fato, se fura

Mas o vermelho do sangue traz cor a seus pensamentos

E o que seria da vida sem cor

Sem dor e seu falar?

Segue meu amigo poeta

Seu estilo forte e rápido é também musical

Sua escrita é discurso punk lúcido marginal moldado no fogo bestial


Alexandre Bernardo


A.B.


XX


Rumo ao infinito, ao nada, à morte e além...