quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Uma Mancha em um Deserto de Lama VI

Nem sei mais 2 - 01:59h

Listen - Cat Power - Angelitos Negros

Continuar.
Palavra chave de seguida.
Manter a linha.
Repressão disfarçada e comprimida.

Depois de realizar finalmente o poema em quarteto da lista de coisas a fazer do castelo... O sono...
Sumiu... Perdeu-se... (Culpa sua Rafa ¬¬)

Continuando a série: Como economizar palavras e partir direto ao assunto.

Ainda falta para chegar aonde parei, ainda falta inspiração para mudar e continuar...
Mas... Quem sabe um dia :p

6ª parte


Uma mancha em um deserto de lama

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Passava horas em frente dos livros de anatomia, pois seu desenho tinha que ser perfeito de qual outra forma não seria não sabendo a posição exata de cada parte do corpo o funcionamento de cada órgão o momento de mostrá-lo num gesto numa ação ao estar cortado ao estar aberto.
Pensou antes em arte abstrata. Dá menos trabalho não é verdade? São só retas, curvas, símbolos e restos de tinta espalhados sobre uma tela valiosa.Veja Johann quantos quadros e talentos de uma nação desperdiçados. E sua geração foi à única que não o abandonou. Se tudo já vem pronto Johann quem vai se importar mais com isso???
Ah!
Se ao menos tu pudesses me fazer um favor Johann.
Passe tudo para números para que eu possa ao menos transformar esse tal corpo humano em matéria possível.
Construí-lo para só depois dá-lo alma e corpo.
O transportaria a uma tela de computador e ali colocaria todos os loucos e tolos que amo.
Viveria feliz.
Palavra banal. Foi essa tua felicidade.
- Não!!! Eu nunca seria egoísta a esse ponto!!!!!!!!
Não seria!!!!!!!!!!!
Não seria?????????
- Mas que droga que está acontecendo aqui????
Mas que... Que... O que você fez seu louco retardado?????
Johann distraiu-se a tal ponto nos seus pensamentos que não pode ouvir os passos de seu filho ao se aproximar, falava alto demais para ouvir, desesperou-se e ao ver a única pessoa a qual ainda tinha um laço afetivo (mesmo que unicamente no sentido genético da expressão) ele andou estralando seus velhos ossos em direção ao seu filho. Tentou abraçá-lo. Seu filho o empurrou e quando Johann caiu só ouviu seus gritos o ofendendo e um murro dado em sua boca sentiu o gosto de seu próprio sangue em sua boca como se isso o deixasse vivo mais uma vez sentiu toda a miséria pela qual estava passando. Seu filho cuspiu. Não só o excremento daquela boca suja. Suas palavras feriram muito mais fundo. Deu-lhe uns três chutes antes de descer a sala para chamar a policia. Johann ficou ali.
Poderia ter se passado um dia.
Não passou.
Poderia ter se passado um ano.
Não passou
Mas Johann passou como um Michelangelo dourado assaltando a porta da padaria.
Em par? Não mais
Em paz? Talvez nem mesmo morto
Os olhos de Johann ainda estavam cansados. Difícil demais conseguir mais uma vez ler o que deixou escrito na parede forçava os olhos, mas sua cabeça doía ainda mais após as pancadas...
Desistiu... Como sempre desistiu.
Como sempre desistiu de tudo.
As sirenes não demoraram a surgir enquanto sentia seu corpo tentar se esgueirar pela parede, subir um pouco tentar forçar as pernas para ficar de pé isso é que não ter mais gosto de viver, mas seu gosto vive e seu gosto é gosto de sangue!!! É isso que ele sente!!! Ficar vivo pelo menos mais uma vez!!!
- Ora se não fui eu que à matou ..alguém foi e eu posso muito bem descobrir eu posso e eu sei que posso!
Seu inconsciente, já talvez até mais consciente, viu Johann tentar ficar vivo mais uma vez e espantado tentou de uma vez se iludir com mais uma tramóia sem nenhum propósito... Ora essa você nem vai conseguir é melhor desistir enquanto há tempo... Você não vê só irá piorar sua situação.
- É isso encontrarei esse maldito e vou fazê-lo sofrer ele vai..sim..vai se arrepender por cada momento que permaneceu vivo nesse maldito mundo ele vai sofrer sim..vou arrancar sua pele jogar vinagre e pimenta arrancar dedo por dedo fazê-lo comer suas fezes cruas com suas entranhas todo sangue escorrendo de sua enfiarei pelas sua narinas toda pele toda matéria é isso unicamente isso que ele merece.
Johann levantou-se
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Sempre dificil durante as manhãs
E talvez amanhã seja mais
Talvez menos


Alexandre Bernardo

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