segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma Mancha em um Deserto de Lama V

Riachon de las nueves dos

Listen: Oasis - Stop crying you heart now

Parando um pouco com os post feitos de forma totalmente aleatórias, volto ao trabalho ainda não terminado do livro.

Aos meus 5 leitores a 5ª parte.

Uma Mancha em um Deserto de Lama

Capítulo 2 - parte 2-

O pensamento chegou a um nível tão alto que Johann pensou que não iria suportar mais. Por mais de um momento pensou em pular de vez daquele andar encontrar um chão e beijá-lo em sangue como nunca havia beijado sua mulher antes e agora ali em puro sangue em sua frente. Mas por quê? Que motivo teria um maldito qualquer para tirar a vida de sua mulher? Johann não podia aceitar nada que tentasse mudar sua situação... Nem mesmo ele mudava. Seu coração doía como nunca antes tinha ele visto. Ele tentou sentar-se. O peso da idade e da dor nas costas o fez se curvar até um ponto que nem mesmo ele conseguia agüentar o seu peso o lançou num chão frio tentou arrastar-se até um tapete perto de uma pequena janela enquanto sentia a água salgada em sua face jorrar e deslizar como se fosse moldada para passar naquela pele enrugada torta.
Ele tinha que pensar, mas como não podia mais organizar seus pensamentos era impossível. Como na madrugada durante uma vida fica impossível não pensar. Como fica impossível não julgar os próprios atos ao se deitar. Como é impossível não se lamentar. Sua cabeça doía como se um turbilhão de imagens pensamentos e sonhos fossem arrasados
E não satisfeitos em deixá-lo o levaram junto e toda sua já pouca capacidade de abstração.
Tentou levantar-se e gritou. Gritou alto:
- Mathiassssss !!!!!!!!!!!!!!!!!!
- Juditeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!!!!
- Alguém, por favor!!!!!!!
Mas o que realmente deve ser feito??? Em momentos de tranqüilidade costumava pensar que quando algo grave realmente acontecesse saberia exatamente como agir como se no desespero permanecesse o mesmo. Como se no momento de um assalto ao menos passasse por sua cabeça a possibilidade de reagir. Como se antes disso já não soubesse que dava um valor absurdo a vida. Vida que mesmo sem fazer um mínimo sentido lógico não queria que lhe fosse tirada e desejo meu viver e é direito também como se viver fosse respirar. Esse respirar sem dignidade e sem pensamento esse respirar escravo que compra hoje e morre amanha que vive hoje e não tem idéia do que pode passar o respirar escravo sem perspectiva de futuro. O respirar de fome. O respirar ao escolher o rótulo. O rótulo já vinha marcado antes de sair de casa. Sem escolha.
Tinha vontade de dor.
Acima de tudo tinha vontade de sofrer. Sonhava e imaginava, mesmo acordado, sua reação ao ver a morte de todos seus parentes primeiros os pais, depois imagina a morte dos filhos. Um por um. Talvez o mais novo seria o mais doloroso de ver. Mais ainda não é tempo de falar sobre ele. Cada sonho tinha uma morte mais brutal. Só para poder se sentir o herói. A reação nervosa e destruidora a reação calma amansadora o ombro amigo. O falso inimigo. Imaginava a morte de suas namoradas. Consolava a família. Que prestativo o imprestável, não?
Depois imaginava a morte da mulher. Se unisse as mortes viveria sozinho e todos viriam visitar com pena dele.
Ele seria manchete talvez seus quadros passassem a vender mais. Por pena. Por pena Vemos mendigos morrendo nas ruas. Isso era realmente delírio. Ninguém foi escolhido para segurar sua mão ao nascimento. Nunca pensou ser isso a pura obra de um acaso descontrolado em ordem construindo a destruição. Isso mesmo contradição na palavra como o seu viver. Como as explicações que você mesmo delineia de forma absurda. Recôndita está sua palavra assim como explicação era a busca em um segundo por explicações durando uma vida.
- Nãoooooooo!!!!!!!! Absurdo Johann você nunca pensou isso!!!!!
Não. Não se lembra mais de quando pensava ainda na morte de sua mulher e nos pesadelos tremia frente a policia. Cães fardados olhando a um rato assustado. Gostava mais de pensar em como arrumaria outra mulher que o amasse mais que refletisse a beleza da juventude de outrora. E como era bela! Maldição de mulher suas correias ainda me soltam para que eu possa descobrir o prazer! Seu pensamento e sujo sua boca e suja mesmo com seu corpo ainda limpo.
Enoja todos ao seu redor. Só você maldito Johann não percebe. Seu corpo não é e nunca será um templo seu corpo apenas é e sempre será a vergonha do retrato de um animal. Que tu bem conheces! Tu julgavas conhecê-lo saber como era cada parte de seu corpo! O nome de cada músculo e cada osso desse ser humano de quem tanto se orgulhava Johann.
Não canso de chamar-lhe por sua estúpida marca.
Eterno Johann.

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Até que relativamente pequeno desta vez.
Desde já me despeço.

Alexandre Bernardo

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